Vamos falar de música ruim.

August 10, 2006 § 1 Comment

Quando eu tinha 12 anos de idade eu gostava de Chico Buarque. Eu realmente ouvia Chico Buarque. Era meu cantor favorito.

O tempo passou, eu cresci, e hoje eu olho pra trás e tenho vontade de socar aquele moleque pedante que encontrou uma forma simples de parecer inteligente.

Não é nada contra o “Seu Francisco”. Admito que o cara é bom. Admito que eu gosto das músicas dele. O cara é foda. Ele é bom no que faz. Especialmente em termos de poesia. Mas não é uma coisa que me fala ao pinto.

Com o passar dos anos eu fui diversificando (um pouco) o meu gosto musical, e, conquanto eu não seja nenhum expert ou conheça inúmeras bandas, eu sei reconhecer quando uma música me fala ao pinto ou não.

“Falar ao pinto”. É exatamente essa a expressão.

Podemos ouvir uma música de diversas formas. Prestar atenção na letra, na melodia, na técnica dos músicos, etc, etc. Mas, pra mim, isso pode ser admiração. Música tem que falar ao pinto. Tem que alterar a química do seu cérebro. Tem que despertar sentimento.

Por isso eu reluto em falar que gosto de Chico Buarque: Porque eu sei que ele é foda, mas ele não me fala ao pinto (ainda bem).

Em compensação, pro isso que eu admito abertamente que adoro música ruim. E falemos de música ruim.

No topo, a primeira banda que me vem à cabeça é Charlie Brown Jr. Pra fins de post, CBJR. Vamos lá ninguém pode levar o Chorão à sério. As tentativas dele de fazer protesto social são risíveis. É uma música de rimas fracas, uma bandinha de pseudo revoltado que consegue ser odiado por 80% das pessoas que tentam ouvir.

Mas, caramba… eles têm uma batida gostosa. Rápida, agressiva sem ser ostensiva. E fazem música sobre ser moleque. MOLEQUE mesmo, não é ser “jovem”, “inseguro”, etc. É sobre “roubar essa mulher pra mim”. É sobre “levar ela pra ver o pôr do sol da laje”. É sobre provar que a vida “pode ser melhor mesmo sendo tão louca”. É tosco. É descartável. Não é sério. Mas me fala ao pinto.

Logo depois, vem Oswaldo Montenegro. Pra fins de post, OM.

OM é o artista da MPB (junto com Humberto Gessinger) mais zuado por todo mundo. Programas de rádio fazem piadas (excelentes) com ele. Ninguém leva ele a sério. Ninguém conhece. Ninguém gosta.

Esse papo de “menestrel” é anacrônico. O cara é histriônico. Grita ao invés de cantar. E faz uma música tão pretensiosa que você mal consegue entender o que que ta acontecendo no meio de 38 violinos, 47 bandolins, 49 banjos, 17 violoncelos, 12 violões e 5 spallas (se alguém entendeu a piada dos 5 spallas, por favor, avisar).

Yet, alguma coisa nas músicas dele fazem sentido pra mim. Falar que todo mundo é sozinho como soldado com o capitão faz sentido. Desejar que o mundo acabe numa manhã de domingo, e pedir pra assistir, faz sentido pra mim. Falar que vai amar alguém pra sempre, mas sempre não significa todo dia, faz sentido pra mim.

OM é uma música de excessos bregas e histriônicos. Mas todo mundo já acordou brega e histriônico uma vez na vida.

Seguindo na maior incineração de filme que já cometi, não poderia deixar de faltar Engenheiros do Hawaii com sua maravilhosa nova abreviação EngHaw.

EngHaw, na verdade, não existe. Na verdade, existe aquele cara chamado Humberto Gessinger que tem um ego do tamanho de um planeta e uns caras ao redor que tem os egos do tamanho de uma lua pequena e que, obviamente ficam orbitando o vocalista.

EngHaw é ruim. Ruim de uma forma dificilmente descritível. O cara fala o que quer, do jeito que quer, ninguém entende e, por isso, ele se acha um gênio. Ele é a cara da década de 80. E dizem que a única coisa boa da década de 80 foi o fim da década de 70.

Mas eu gosto. Desde pirralho. Me fala ao pinto. Eu gosto de pensar que ser quase livre é pior que a prisão. O último dia de dezembro é sempre igual ao primeiro de janeiro, e normalmente tem um gosto amargo na boca e uma certeza, só uma certeza, da próxima vez, só whisky escocês.

Tudo isso já seria o suficiente pra eu queimar meu filme com o mundo, mas não pára por aí: ainda tem CPM22!

Sim, aquela banda que só tem uma letra, na qual o cara toma uma bota da namorada e está tentando dar a volta por cima! Dizem que ópera é quando alguém ao tomar uma facada, ao invés de gritar, canta. CPM22 é uma banda na qual o cara quando toma uma bota, ao invés de fazer uma dupla sertaneja, monta uma banda de rock pesado.

Se pá, nem a mãe deles gosta deles.

Mas… ei… rock pesado é bom, mesmo quando o cara fala que “em muitas vezes eu pensei tentar falar o que eu nem sei de coisas que eu já quis saber (mas eu nem te avisei!)”.

Vamos lá… não quero me sentir o ser humano com pior gosto musical da face da terra. Contribuam para a lista. Vale tudo. Desde Wando até MC Serginho!

“Se ela dança, eu danço, se ela dança, eu danço, se ela dança, eu danço… falei com o dj!”

§ One Response to Vamos falar de música ruim.

  • Anonymous says:

    “O tempo passou, eu cresci, e hoje eu olho pra trás e tenho vontade de socar aquele moleque pedante que encontrou uma forma simples de parecer inteligente. ” HAH AHAH MUITO BOM !

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