Se ela dança eu danço, o caralho: I’m dancing with myself!

November 26, 2006 § Leave a comment

O engraçado de viver no limite é que num momento você é um merda. Está na bosta, é um pedaço de auto-piedade na face da terra.

No outro você está surfando a vida.

Eu queria criar uma metáfora menos tosca, mas a verdade é essa. Numa hora você é o resto do mundo, ninguém te olha, ninguém te quer. No momento seguinte você é o Kelly Slater social. Pega um evento aleatório e tira tudo dele.

De certa forma, da mesma forma que a dança é uma metáfora pra vida, acho que o surfe é uma metáfora também. Existe a sorte, o acaso de pegar uma onda boa ou ter um dia ruim. Mas além dessa sorte e desse azar, existe a sua habilidade. Habilidade de dropar uma onda de 30cm de altura. Habilidade de saber que a onda onde você entrou é boa.

E a noite quinta feira foi isso. “Vamos tomar uma breja?” “Ah… pq não?”.

Mas minha onda apareceu. E eu causei. Depois ainda fiquei sabendo: “Então, aqueles dois falaram que você não consegue catar a amiga deles. Apostaram uma cerveja cada um comigo”. Ah não consigo? Veddiamo.

E nessas horas a gente tem as epifanias sazonais, as que não duram nem uma noite: A questão não é apenas dançar. É muito fácil dançar com alguém que quer dançar. É muito fácil dançar com uma dançarina. Se ela dança é sua obrigação dançar.

O que você tem que fazer é dançar sozinho. Você não precisa ter uma parceira que quer dançar. Você não tem que esperar que ela dance pra você dançar. Se ela dança eu danço um caralho: I’m dancing with myself.

E eu ganhei as cervejas do meu amigo. Um passo de cada vez, com calma, paciência e habilidade. Eu estava calmo como um monge.

Sob certos aspectos foi meio triste. Mas se eu fiz sem nervosismo, sem tensão, apenas por vontade, onde está o sentimento? Onde está o coração? Onde estão os hormônios? Me sinto quase um garoto de programa. Provei que eu conseguia.

Não que eu seja uma pessoa diferente agora. Não que algo tenha mudado. Foi só que eu quebrei um tabu. Pequeno, mas quebrei. E tabu, once broken, there is no coming back.

Eu costumo brincar, falar que eu sou tímido… é um chiste. Porque eu sei que eu não pareço tímido. Pareço um cuzão babaca e prepotente, mas não tímido. E via de regra é uma frase feita útil pra puxar assunto, quebrar o gelo, etc e tal. Mas eu não sou mais. Não que eu não sinta borboletas no estômago, a cabeça leve e o chão falsear no pé. Mas eu dou um passo à frente.

Eu criei o Anarcoplayba. E decidi ser esse personagem.

Scott Adams que se foda, eu acredito em livre arbítrio.

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