O Sagrado Feminino – Parte 2.

March 9, 2011 § 52 Comments

Muita gente perguntou por que eu restringi os comentários no post anterior.

Parte da resposta é porque o texto não é meu.

Trata-se de uma idéia que surgiu em 31 de dezembro de 2009, quando eu e o Hipotérmico estávamos no Reveillon em uma balada em Sampa e, quando eu olho para trás, vejo a Shakira na televisão, fazendo a Dança do Ventre.

Sim, eu sei: não dá pra falar que a Shakira seja uma grande revolucionária… Especialmente porque o fascínio que ela exercia decorria única e exclusivamente da mercantilização daquele aspecto de sexualidade.

No entanto, vendo aquilo, novamente tive consciência do que eu gosto tanto de chamar de “Verniz de Civilização”: Não mudamos tanto assim da Antiguidade Clássica para hoje, apenas achamos que mudamos, como adolescentes que usam roupas estranhas para se diferenciar dos pais, exatamente como os pais faziam.

Naquele momento, olhando pros quadris da Shakira requebrando de um lado pro outro, eu imaginei toda a história feminina, e de como a humanidade saiu (provavelmente no período pré-clássico) do Matriarcado pro Patriarcado e, a partir desse momento, a sexualidade feminina até então celebrada se tornou reprimida.

Exatamente por isso no velho testamento existem algumas “cenas” de incesto.

Num matriarcado os homens são irrelevantes: cabe à mulher dar a linhagem. Se é pai ou não, é irrelevante.

Óbvio que para nossa consciência hoje, tal conceito é absurdo, e boa parte de nossas elocubrações a respeito são meramente especulações: Não dá pra saber se o matriarcado era positivo.

Na minha cabeça, levando em conta que eu acredito que a humanidade está lenta e inexoravelmente melhorando (um inverno de cada vez) eu prefiro pensar que o matriarcado era só uma barbárie diferente.

Mas não estamos falando do Matriarcado: Estamos falando da sexualidade feminina.

E eu não conseguiria nunca escrever um texto tão foda e tão genial quanto o que o Neil Gaiman escreveu: Ishtar, a Deusa do Amor, após ter seu culto encerrado, vai trabalhar numa boate de strip tease pra sobreviver.

Se antigamente as oferendas eram de frutos, cereais e talvez alguns animais, hoje as oferendas seriam da coisa mais sagrada na modernidade: Dinheiro.

E todas as imagens apresentadas são boas no texto: “O que uma mulher não faz para ser amada?”, “Posso não saber de nada, mas sei dançar.”, “Fiz programa, não é tão ruim.”, “Indústria do Sexo”, etc, etc, etc.

E esse é o retrato da sexualidade feminina: restrita. Restringida. Metrificada. Condicionada. Categorizada. Vendida.

Sim, eu sei, as coisas mudaram e estão mudando: A sexualidade está mais livre, as mulheres estão ganhando seu espaço, mas ainda há um aspecto restritivo: pode fazer o que quiser, contanto que ninguém fique sabendo.

Ou ainda: Para a mulher ser livre sexualmente, basta ela ser masculina.

Ela pode ir pra cama com quem quiser, contanto que ela mantenha o comportamento masculino de não manter laços afetivos. A sexualidade é liberada, contanto que ela seja a sexualidade masculina, seca, dura, direta, independente, quer emane de homens, quer emane de mulheres.

E essa é a ironia: As mulheres, em geral, para saírem do aspecto reprimido precisaram se masculinizar.

É por isso que eu disse que a Sasha Grey é a mulher mais sexy que eu consigo imaginar viva.

Porque ela pediu ao veterano Rocco que a socasse no estômago em seu primeiro filme.

Porque uma frase atribuída à ela é que aquilo que é degradante para algumas mulheres faz outras se sentirem poderosas.

Porque ela é atriz pornô. Declarada. Mas também gosta de fazer filmes “sérios”, ao invés de se esconder no metafórico porão da sociedade.

Porque a carta (!!!) dela ao diretor da produtora na qual estreiou foi “Quero fazer aquilo que as pessoas não têm coragem de fazer”.

Porque ela choca e transforma a transgressão metrificada em transgressão real.

Ela realmente é uma subversiva sexual? Pode ser uma jogada de marketing? Ela pode fazer pose de cult, quando na verdade é meramente clichê?

Sim, pode ser.

Mas… Pessoalmente… eu a considero um símbolo. E como todos sabemos, um símbolo fala mais sobre quem interpreta do que sobre ele mesmo.

§ 52 Responses to O Sagrado Feminino – Parte 2.

  • Nina says:

    A Sasha Grey não seria uma mulher que se orgulha por sua livre sexualidade masculinizada?

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    • Anarcoplayba says:

      Eu arriscaria que não. Eu arriscaria que alguém que se sente poderosa em uma situação “degradante” não é masculinizada.

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      • Nina says:

        Degradante para algumas mulheres. Não sei se a situação é degradante por si.

        Mas vamos lá…

        Pelo que vc citou temos agressividade, “degradação”, e ausência de laços afetivos. Não seriam esses comportamentos tipicamente masculinos?

        Onde há o sagrado feminino no exemplo citado?

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      • Anarcoplayba says:

        O sagrado feminino no exemplo citado está no fato de que a sexualidade feminina está associada à recepção incondicional do papel ativo masculino: a partir do instante em que ela deseja uma situação de sujeição, não por determinação masculina, mas por desejo pessoal, esse é o aspecto da sexualidade arquetípica feminina.

        Se quiser, ainda, pode pegar Lilith, a mulher expulsa do Paraíso por não se sujeitar às ordens de Adão. O que ela fez quando saiu? Se deitou com todos os demônios e animais da Terra. Sem critérios.

        Ou ainda pense na “Mãe Terra”, que recebe toda e qualquer semente, sem julgamento.

        Ou pense ainda nas prostitutas dos templos, que deveriam se deitar com quem aparecesse.

        O Julgamento é um aspecto masculino: merecimento, testes, análise, escolha. A aceitação total e completa é um aspecto feminino. O Caminho do Sol é diferente do Caminho da Lua exatamente nesse aspecto.

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      • Nina says:

        Wait. Aceitação total e incondicional sem julgamentos? É isso que chamas de sagrado feminino? Ou seja, aceitar qualquer homem, em qualquer situação, incondicionalmente?

        E não é toda terra que germina qualquer semente.

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      • Anarcoplayba says:

        Pois é… e toda mulher uma vez na vida tinha que ir pro templo e deitar-se com qualquer um que aparecesse…

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      • Nina says:

        Uma vez na vida.

        Com um propósito específico.

        Passava o resto da vida ali? Se casava com o primeiro que aparecesse?

        Nesse sentido, estupro perde todo sentido violento e acaba sendo quase uma celebração da sexualidade feminina.

        Não consigo ver sentido nisso.

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      • Anarcoplayba says:

        Com a finalidade específica de celebrar o Sagrado Feminino. Algumas passavam a vida toda ali (as crianças nascidas daquela união).

        Em outros rituais, mesma coisa: orgias da aldeia inteira cujas crianças nascidas seriam criadas pela aldeia como sagradas.

        Isso não significa, da mesma forma que o estupro seja uma celebração da sexualidade feminina. O estupro é uma violência. Ponto.

        As FANTASIAS de estupro, por outro lado, são uma forma de criar um teatrinho pra justificar o não exercício da escolha. Idem para algemas e amarras. É um símbolo pra inexistência de escolha.

        “Não o impedi porque eu não tinha como reagir.”

        Leia isso: http://www.scribd.com/doc/6886842/Nancy-Friday-My-Secret-Garden-WomenS-Sexual-Fantasies

        Temas recorrentes pela autora apresentados: anonimato, estupro, diversos homens, amarras, teatrinhos, S&M, prostituição, etc, etc, etc.

        Óbvio que existem outras fantasias. Quase infinitas. Mas um tema MUITO comum é a ausência de julgamentos.

        ÓBVIO que não estou falando que não exista um aspecto feminino dentro do masculino e um masculino dentro do feminino.

        É importante para a mulher julgar também, assim como é importante para o homem ser receptivo TAMBÉM.

        Mas o fato é que, em termos ABSOLUTOS o feminino ABSOLUTO é a recepção TOTAL e o masculino ABSOLUTO é o Julgamento TOTAL, e a celebração de ambos os princípios é importante para fins arquetípicos.

        E perceba como o aspecto de recepção total foi suprimido: Sequer a possibilidade, mesmo para fins de análise é aceita: as regras são consideradas indissociáveis, e a recepção absoluta e sem julgamento é “sem sentido”.

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      • Nina says:

        Recepção absoluta e sem julgamento a partir do momento que foi feita uma escolha. Esse é o ponto que eu defendo.

        Se levar a recepção absoluta ao pé da letra, terei mulheres nuas na rua prontas a aceitarem qualquer coisa. Porque o estupro seria uma violência?
        Seguindo o raciocínio colocado: a mulher deve receber, sem fazer julgamentos. O homem quem faz a análise, julga. Logo, teremos o Zé que quer transar com a Joana, que está andando pela rua. Ele vai até ela. Bate nela. Transa e vai embora. Pronto: o sagrado masculino e o sagrado feminino se manifestando. Ele no seu arquetipo de escolha, ela no seu arquétipo de receptividade. E é AQUI que eu não vejo sentido. Porque isso para mim não tem nada de sagrado.

        E se levar o arquetipo ao pé da letra, teremos homens tão obcecados pelo julgamento e análise que não conseguirão talvez fazer nenhuma escolha.

        O que defendo é que tanto homens quanto mulheres têm o direito de escolha. Isso é algo não-sexista, assim como vc citou no seu formspring, que o amor é não sexista.

        Uma vez feita a escolha, cabe a mulher a receptividade. O útero. A grande mãe. Que recebe, gera e nutre.
        Cabe ao homem a análise, a ação, o ímpeto.

        Ela pode escolher dar para vários. Ou para um. Ou para nenhum.
        Assim como ele.

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      • Anarcoplayba says:

        Falar que é a recepção absoluta depois que foi feita a escolha é uma restrição à recepção absoluta.

        Nina, o que você está evitando analisar é que existe a possibilidade de uma outra forma de se aproximar da questão.

        Se as mulheres fossem 100% receptivas então nunca haveria estupro. E daí?

        Se elas não impusessem limites iriam pra cama com qualquer um. E daí?

        Pegando o seu exemplo, que está impreciso, se o Zé quer transar com a Maria e Ela é receptiva, pra quê ele vai estuprá-la? Ela não é receptiva? Então não tem estupro. Estupro é obrigar mediante ameaça. Se não há necessidade de se obrigar, não é estupro.

        “Ah, você está falando que a solução pro estupro é sempre falar sim?”

        Não, não estou.

        Estou falando única e exclusivamente que não há motivo para, sem qualquer espécie de análise, limitar o comportamento sexual feminino para se adequar ao desejo masculino de não ser comparado e não ter sua vaidade machucada.

        Falar que não há necessidade de uma limitação normativa social não se confunde em aspecto nenhum com a conveniência ou não de ir pra cama com qualquer um.

        Tudo é permitido, mas nem tudo me convém.

        Um acordo de exclusividade é uma coisa, porque sabemos que existem vários motivos convenientes para a monogamia: desde criar os filhos até não levar pra dentro de casa vírus, bactérias e sei lá mais o que de lixo emocional.

        No entanto, falar do POTENCIAL de recepção absoluta limitado apenas por escolhas de ordem concreta e pragmática é diametralmente oposto de falar de um JULGAMENTO pressuposto limitado por uma receptividade de ordem concreta e pragmática.

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      • Nina says:

        “Se as mulheres fossem 100% receptivas então nunca haveria estupro. E daí?”

        Fato.

        “E qualquer tipo de escolha reprimiria a recepção absoluta.”

        Fato também.

        Como se encaixa o livre arbítrio? Lembrei-me de um outro texto, por nós conhecido, que quando vc está na sua verdadeira vontade, não há livre arbítrio. É nesse nível que estamos discutindo?

        Take it easy, Tarso. Esse é um conceito muito, muito delicado. Se não for trabalhado com a cautela e prudência merecida, pode servir de argumento para as maiores barbáries da espécie, principalmente masculina.
        Só estou querendo lapidar o que propões.

        E confesso não ter entendido o último parágrafo: julgamento limitado pela receptividade pragmática?

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      • Anarcoplayba says:

        O Livre Arbítrio entra no momento em que você procura agir de acordo com a sua Verdadeira Vontade e os Seus Princípios, motivo pelo qual eu tenho minhas dúvidas que exista livre arbítrio dentro de uma proposição.

        E, nesse aspecto, é livre-arbítrio se comportar de acordo com normas de conduta sociais?

        Até que ponto a monogamia é de fato um impulso natural, ou uma escolha consciente? Quem foi que disse que as mulheres têm que se manter castas? Que é vergonha se entregar a qualquer um.

        Óbvio que você pode sim, efetuar suas escolhas e julgamentos: isso é útil e, admitindo que o tempo é finito, é necessário.

        Mas essa é a diferença entre fazer porque você quer ou porque estão te mandando.

        Eu sou um punk revoltado: vou parar de tomar banho, essa instituição pequeno-burguesa ditada pela higiene.

        Divirta-se, mas muitos fungos e diarréias depois, talvez você entenda que se comportar de acordo com as normas sociais não é necessariamente algo negativo.

        Sobre ser um conceito delicado que “pode ser usado para justificar as maiores barbáries masculinas”, me questiono como o conceito contrário não pode ser usado para justificar as maiores barbáries masculinas.

        Na verdade, eu, como advogado, me questiono qual conceito não pode justificar as maiores barbáries. Racionalizar é fácil.

        a frase do último parágrafo é o julgamento pressuposto amenizado pela receptividade pragmática.

        “Só aceito o princípe num cavalo branco que matar o dragão… mas se não tem jeito, serve o de cavalo preto.”

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      • Nina says:

        >.<

        Ok.

        Os argumentos contrários também justificam inúmeras barbáries. E exatamente por isso que avaliar com carinho os conceitos defendidos/utilizados não faz mal à ninguém.

        Livre arbítrio se comportando de acordo com normas sociais nem sempre é livre arbítrio.

        Mas aqui entramos em outro tópico: o que é livre arbítrio e em que condições ele realmente existe.

        Mas acho que estamos falando de coisas um pouco diferentes. Estou focando no "poder de escolha" da mulher (o que me parece ser contrário ao sagrado feminino), e seus comentários estão mais voltados ao preconceito social de uma mulher sexualizada.

        É isso?

        Porque eu vejo como assuntos diferentes. Uma coisa é discutir o que é o sagrado feminino. O que é a receptividade absoluta. Quando isso é sagrado, quando isso é profano. Quando isso é usado em rituais, ou em passividade covarde, etc etc..

        Outra coisa é discutir a forma como a sociedade lida com mulheres mais/menos sexualizadas.

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      • Anarcoplayba says:

        Não, meus comentários dizem respeito à normatização da conduta sexual feminina.

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      • Nina says:

        E a conduta sexual feminina deveria ser de receptividade absoluta?

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      • Anarcoplayba says:

        Se ela não é normatizada, é de receptividade absoluta?

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      • Nina says:

        Não sei. Vou meditar sobre isso.

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  • Anonymous says:

    se o rocco me desse um soco no estomago eu arrancaria as bolas dele na unha. mas se ele me chamasse p uma noite de sexo selvagem eu iria de bom grado.
    a sasha grey usa a velha metáfora do s&m de que, quem está no controle é sempre quem se submete. mas …controle é uma ilusão. acho q todo o problema se resume a insegurança. como ficar de pau duro sabendo q sua namorada ja transou com mais de 100 homens e sentir tesão sabendo que isso é empowering para ela, sem se sentir dimunuído na sua experiência com aquelas suas 4 namoradinhas q não gostavam de fazer anal por que é sujo?
    a sexualidade feminina ainda é um limbo para os homens. a mulher liberada sexualmente se masculiniza como defesa pois a maioria esmagadora dos homens ainda julga e confunde a liberdade sexual feminina com promiscuidade. eles podem, elas não….então, elas mentem.

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    • Anarcoplayba says:

      Isso é tópico pro terceiro texto. ;)

      Mas basicamente essa é a questão: a sexualidade feminina é aceita, contanto que ela obedeça algumas regras. A mulher pode gostar de sexo, contanto que seja só com os príncipes encantados que apareçam no cavalo branco e matem o dragão antes de conquistar o direito de se deitar com a donzela.

      Sair dando por aí sem critérios? Isso é coisa de vagabunda que deve ser escorraçada da sociedade.

      Onde já se viu entregar-se a quem não “merece”?

      Joga pedra na Geni!

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      • Nina says:

        Pera.

        No caso da Geni, ela ainda escolhe com quem quer dormir. Ela pode escolher o príncipe encantado, ela pode escolher toda a bateria da escola de samba.

        Isso é uma coisa. Ainda há a opção de escolha da mulher.

        Outra coisa bem diferente é tirar esse poder de escolha, de julgamento, da própria mulher (estou tirando a sociedade da análise, por enquanto) e afirmar que a mulher deve se entregar a qualquer um que queira.

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      • Anarcoplayba says:

        “Foram tantos os pedidos,
        Tão sinceros, tão sentidos,
        Que ela dominou seu asco.
        Nessa noite lancinante
        Entregou-se a tal amante
        Como quem dá-se ao carrasco.
        Ele fez tanta sujeira,
        Lambuzou-se a noite inteira
        Até ficar saciado
        E nem bem amanhecia
        Partiu numa nuvem fria
        Com seu zepelim prateado.
        Num suspiro aliviado
        Ela se virou de lado
        E tentou até sorrir,
        Mas logo raiou o dia
        E a cidade em cantoria
        Não deixou ela dormir:
        “Joga pedra na Geni!
        Joga bosta na Geni!
        Ela é feita pra apanhar!
        Ela é boa de cuspir!
        Ela dá pra qualquer um!”

        A ausência de escolha também é uma escolha. Decidir não julgar é um julgamento. NESSE aspecto, Sagrado, antigo, notadamente matriarcal, escolher a receptividade total é um aspecto arquetípico feminino que foi massacrado.

        Ou seja: Onde já se viu ela não ter critérios? Que coisa nojenta!

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      • Nina says:

        Será que não tinha critérios? Como vc mesmo colocou: não julgar é um julgamento. Não querer escolher é uma escolha.

        Porque a escolha deixa de ser sagrada?

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  • Anonymous says:

    o critério é o desejo puro e simples. com a finalidade do prazer apenas e unicamente, enquanto houver prazer. sem julgamento…a hedonista da Geni, como ela ousa sentir tanto prazer e ser tão feliz?

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    • Nina says:

      Perfeito. Então há um critério. Há uma escolha. E uma escolha feita através da sua Vontade, e realizada plenamente, é lindo.

      Talvez a Geni seria também um símbolo do sagrado feminino.

      (tudo bem que na Ópera do Malandro que eu assisti, ela era muito zoada, tadinha.. e ainda acho que era uma drag… não lembro bem…)

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  • Gueixa says:

    Mas enfim, o sagrado feminino é o quê?
    É a capacidade de uma mulher conseguir transformar um estuoro, talvez, em algo que ela “quis?
    Há um tempo atrás, eu disse aqui neste blog que a responsabilidade sobre o nascimento ou não de uma nova vida, era exclusivamente da mulher.
    Não falava da fecundação e nem tampouco da criação, mantença e outras cositas e sim de permitir uma nova vida.
    Penso eu que este é o sagrado feminino. É à mulher que é dado, no frigir dos ovos, o poder sobre a vida.
    E elevação do ser humano próximo ao criador, é provilégio feminino.
    A mulher sempre escolheu, julgou e permitiu o que quis…
    Ou não, como diria Mestre Caetano, submeteu-se.
    Ao que quis?

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    • Gueixa says:

      *estupro…rsss

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    • Anarcoplayba says:

      Gueixa, o Poder sobre a Vida não é feminino, é unissex: Qualquer um pode matar.

      E pra gerar a vida, é um casamento: até onde sabemos, só é possível gerar a vida com um espermatozóide e um óvulo.

      “Ah, mas eu posso isolar o pai da criação da criança!”

      E eu posso entrar numa enfermaria e roubar uma criança.

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  • Gueixa says:

    Poder de matar é poder sobre a morte!
    Pode de deixar nascer é poder sobre a vida…
    Gerar vida é diferente de deixar nascer…

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    • Anarcoplayba says:

      E você conhece alguém capaz de gerar a vida sem a presença da semente masculina?

      Nunca ouvi falar de uma criança que fosse gerada de dois óvulos.

      E mesmo a Terra precisa da Chuva para gerar a vida.

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  • Gueixa says:

    Anarco, eu não falo de gerar e sim permitir que o ser venha à luz!

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    • Anarcoplayba says:

      Permitir idem: se eu posso impedir (com mais ou menos violência) e não impeço, eu permiti. ;)

      Por outro lado, amarrar uma grávida na cama tbm funciona.

      O que é mais importante num carro? O motor ou o combustível? Bom, sem qualquer um deles o carro não funciona…

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      • Gueixa says:

        Pois então….o homm sempre poderá impedir…Assim como a mulher. Já permitir….

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      • Anarcoplayba says:

        Teté, permitir é uma aceitação. É natural. Impedir é um ato.

        Se a mulher pudesse “permitir”, não haveria gravidez resultante de estupro.

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  • Gueixa says:

    Concordo: impedir é um ato.
    Permitir é vontade.
    Nem quero falar de gravidez, Fruto de estupro ou não.

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    • Nina says:

      Permitir nem sempre é vontade.

      A mulher permite o parto? Uma vez iniciadas as contrações, há o que se fazer?

      A permissão da mulher é relativa tanto quanto a permissão do homem. A mulher pode decidir fazer ou não o aborto. O homem também pode decidir ou não que esse filho nasça, só muda o grau de acesso. A mulher tem acesso mais direto ao feto. Não acredito que o sagrado feminino seja isso.

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  • Lívia Ludovico says:

    Cara, vc pariu um texto muito bacana! Como ele ainda tem seguimento, ficarei curtindo todos os desdobramentos interessantes que aconteceram aqui hj…eu tenho especial interesse sobre esse tema!;)

    Mas numa coisa eu discordo com veemência: vc tem total capacidade de escrever um texto tão foda quanto o Sandman!

    Aposto minhas fichas nisso!

    Comentário nada a ver:

    Eu gosto muito do seu xará. O intelectual q disse: Rogozija-te sempre!

    Bjos.

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  • Karina says:

    Este papo está me lembrando um vídeo que vi ontem divulgado na página de alguém no FB. Não assisti ao vídeo, mas a legenda apontava o porquê de ele estar ali: uma chef de cozinha teria dito em entrevista que as mulheres estão mais presentes na gastronomia pq estariam perdendo o medo de “recuperar a feminilidade perdida, aquela coisa de que lugar de mulher é na cozinha.” Engraçado foi que de cara não pesquei a polêmica, pq entendi de outra forma o que ela quis dizer: que as mulheres, na busca por seus direitos, seguiram um caminho pelo qual excluíam de suas vidas tudo aquilo que para elas representava a mulher submissa de tempos atrás. O que seria uma outra forma de tolhimento, como… não me permito sequer ir para a cozinha pq isso está em desacordo com a posição que busco na sociedade hj.
    Não sei se chef em questão foi infeliz na forma de colocar a ideia ou se a intenção dela era dizer exatamente o que foi dito. Depois abro o vídeo e tiro a prova. Ou não.

    Mas não vou discutir esse lance do sagrado feminino pq não conheço. Se há esse arquétipo de que as mulheres são, em essência, disponíveis, não sei. Se essa essência um dia existiu e foi perdida, e por que se perdeu, é uma discussão mais interessante, mesmo pq faz pensar a partir de quando essa disponibilidade teria se tornado algo “natural”, se não foi algo tb trabalhado culturalmente, até as mulheres se sentirem “confortáveis” na condição de “naturalmente” disponíveis.
    Tudo elucubrações mesmo.
    Eu me sinto confortável fazendo minhas escolhas. Influenciadas por tudo que me rodeia, inevitável, mas ainda assim ditadas pela minha consciência.
    E vc falou um lance interessante a respeito da liberação feminina hoje, aceita desde que ocultada. ou seja, não aceita. E renegada/reprimida pelas próprias mulheres. E ao mesmo tempo tão propalada. Incoerências.

    Carnaval, falemos de carnaval. falemos tb de prostituição. e de respeito.
    Uma amiga soltou esta: “pessoal acha que no carnaval pode tudo”. Assistimos ontem a Bruna Surfistinha. a mesma amiga: “homem não presta mesmo, é egoísta, não quer nem saber da garota, viu como eles tratam?!”
    Mas, como falei pra ela qd recuperei a frase dita no dia anterior… não é pq é carnaval. Quem não repeita, não respeita. os ‘dias comuns’ só refreiam o cafajeste de cada um. quem não respeita prostitutas não tem noção de respeito ao ser humano. Isso parte de homens e mulheres. São pensamentos recorrentes. Pq as mulheres buscar uma liberdade que muitas vezes nada tem de livre. Ser livre é agir ou não por opção, única e exclusivamente. Liberdade sexual envolve o respeito por mim própria, e isso está diretamente atrelado aos MEUS desejos.
    Então prefiro falar de sagrado universal: liberdade.
    E do que deveria ser o imperativo universal: respeito.

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    • Anarcoplayba says:

      Não é disponível, é receptiva.

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      • Karina says:

        se me disponho, estou receptiva.
        não vejo de outra forma.

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      • Anarcoplayba says:

        Disponível é comida na estante do supermercado.

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      • Karina says:

        receptivo é denominação de telemarketing.

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      • Anarcoplayba says:

        Eu não lido com telemarketing… Mas lido todos os dias com publicidade.

        Use as palavras que preferir, mas eu acho extremamente nocivo usar expressões com carga mais ou menos negativa em discussões que envolvem nuances pré-concebidas inatas.

        Pra mim, trocar receptivo por disponível é uma diferença bem grande, então prefiro manter as palavras mais coerentes, meio que numas de evitar o desvirtuamento do discurso.

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    • Karina says:

      porque para vc há essa diferença, Anarco. Para mim, não há, e foi o que eu disse. Se há carga negativa para mais ou menos, explicite ou não exatamente em que aspecto. Para mim, dentro do que entendi do contexto, as duas são absolutamente sinônimas: a mulher se sente confortável no templo, diante do desconhecido. Não se sente forçada a estar ali, é “natural”, ela se dispõe àquilo, está receptiva ao que vier.

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      • Anarcoplayba says:

        É a diferença entre apagão e blecaute: Apagão é quando você é oposição, blecaute é quando você é situação.

        De mais a mais, você não falou em se dispor (estar disposta) mas em estar disponível.

        E há uma diferença bem grande entre estar disponível, receptiva e disposta, e é apenas essa mistura de termos não sinônimos que eu quero evitar porque entre estar disposta e estar disponível há a diferença entre uma sacerdotisa e uma puta.

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      • Karina says:

        correto. dis-pos-ta. substituam os “disponível”.

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      • Nina says:

        O que também é diferente… Eu posso estar disposta a algo, mas não estar receptiva a esse algo.

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      • Karina says:

        ele tb disse isso aqui em cima e deixei passar batido pq, como viram, entre estas duas discordo da diferença. mas se quiser desenvolver, Nina, sou toda olhos.

        a menos que estejamos entrando num grau de conflito do tipo: quero, mas tenho bloqueio. sei lá.

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  • amauee says:

    quanta conversa pseudo-intelectual furada…

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