Entropia.

April 17, 2012 § 10 Comments

Entropia é uma grandeza física que visa medir o grau de desorganização de um sistema termodinâmico, entendendo-se este como uma região delimitada do universo na qual se estudarão os eventos termodinâmicos.

A a desordem de um sistema é dada pela função log do número de microestados acessíveis dadas as restrições impostas ao mesmo. Aumentar a desordem é aumentar o número de micro-estados acessíveis a determinada partícula. Em um baralho de 54 cartas, perfeitamente alinhado em sua sequência de naipes, números e arcanos, temos que o nível de entropia é zero. Caso se permita que uma carta mude de posição, o valor de entropia do sistema sobe a 54. Aumentar a entropia de um determinado sistema é aumentar a possibilidade de configurações de micro-estados.

Os sistemas termodinâmicos são divididos em abertos ou fechados (dependendo da troca de matéria ou energia com o meio) e equilibrados ou não (sendo que os sistemas equilibrados são aqueles que, por definição, não mudam com o tempo). Pela primeira Lei da Termodinâmica, a energia de um sistema tende a se manter num somatório de Trabalho e Calor constante. Pela Segunda Lei da Termodinâmica, entropia total de um sistema termodinâmico isolado tende a aumentar com o tempo, aproximando-se de um valor máximo à medida que restrições internas ao sistema são removidas. O estado de equilíbrio termodinâmico de um sistema isolado corresponde ao estado onde, satisfeitas as restrições internas, a entropia é máxima.

Dentro dos sistemas termodinâmicos é de interesse especial o conceito de sistemas reversível e irreversível, sabendo-se que em um sistema reversível é possível retornar-se ao Estado Inicial.

A análise de um Sistema Termodinâmico pode ser feita por meio das ditas superfícies isentrópicas, que são as linhas formadas pela junção dos pontos em um gráfico que reproduza as grandezas termodinâmicas relevantes (pressão, volume, temperatura, etc.)., sendo que as transformações no sistema podem ser representadas como linhas ou como pontos isolados nos quais ocorrem saltos de transformação.

A Entropia é entendida, também, no senso comum, como o grau de desordem de uma determinada situação, graduando a transição entre Ordem e Caos. A Entropia Zero seria a Ordem Perfeita, enquanto a Entropia Infinita seria associada ao Caos Absoluto.

Nesse sentido, a Organização representa uma queda na Entropia do Sistema, uma vez que implica na obediência a normas de organização. Tribos que possuíam Leis casuísticas (Se minha galinha atravessa a estrada e põe um ovo do outro lado, de quem é o ovo?) passamos a Leis Abstratas de organização geral (O Acessório segue o Principal).

Por outro lado, o Universo também é um sistema termodinâmico, no qual saímos dos instantes da Criação no Big Bang para uma organização crescente do Cosmos, quer pelas Leis da Física (Matéria atrai Matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distantes) ou mesmo Químicas.

Atualmente, crê-se que saímos do caos absoluto, em que toda energia estava concentrada em uma única singularidade, e um dia, o Universo se tornará perfeitamente organizado, espalhando toda a sua temperatura pelo infinito, tendendo ao Zero Absoluto, uma vez que a expansão do cosmos está se acelerando, e não reduzindo.

O Universo tende à Organização.

A Organização, no entanto, enquanto uma diminuição no nível de entropia, é uma diminuição nos micro-estados acessíveis ao sistema, de forma que estamos presos em um sistema que inexoravelmente reduzirá o número de micro-estados possíveis ao máximo da organização tal qual loucos presos em um asilo vendo as possibilidades reduzirem-se não por drogas ou eletrochoques mas pelo frio e congelamento de seus átomos pois o frio é a mais terrível prisão que impede o aumento de nossa entropia do aumento de nossa temperatura quebrando limites dobrando leis e fugindo da cristalização que se impõe na forma limites de possibilidade limites de criação limites de criatividade como um maestro guiando a orquestra com sua baqueta óculos de tartaruga e anel de ouro do coração de estrelas pois só a gravidade das estrelas permite que a matéria se condense tão densa  rompendo as fronteiras que separam um átomo de outro fundindo a pele e estourando a camisinha permitindo a fusão que dá origem ao novo e se espalha em supernovas destruindo as órbitas e planos o que só aumenta a liberdade pois toda entropia aumenta quando se aumenta a liberdade e se destroem as cercas as froneiras os limites os planos cartesianos e infalíves de língua e que falam elado que merecem ser queimados como todos os mapas corretos que cagam nacionalidades e quintais e todas as demais micro-fascistas regras de classificação e organização fria e estagnada que separam você do vizinho o Alfa do Ômega o certo do errado o dentro do fora e o dentro do que está mais dentro e as casas das rodas zodiacais que deveriam ser discos de Newton e que Newton descanse em paz onde quer que esteja em uma maçã em uma andorinha ou em um átomo bailarino rodopiando pela atmosfera tal qual um Coringa que despreza as regras e se intromete em qualquer baralho perfeito de 54 cartas rindo risonho e queimando ardente fugindo do batman aquele filho da puta que só come o Robin e chora no armário a morte do papai e da mamãe puta imperativo categórico que de aleijado é muleta e de órfão é tristeza que justifica o desespero frente ao Caos e a luta pelas regras que ele nem sabe quem fez desesperado por uma bandeira quando não deveriam existir países cego pras grades tal qual um morcego que nem é vampiro mas pelo menos não  é gelado e nem brilha no sol nossa fonte de calor junto à Terra que surpreende com um jorro de lava na sala de uma palhoça nas encostas de um vulcão na indonésia como um gozo de lava quente precocemente ejaculado ou antecipadamente parido de um útero radioativo que decai lentamente caindo pelas tabelas periódicas pra lá de marrakesh bêbado como um gambá que ingere água ardente tentando aquecer o motor de um sistema termodinâmico que quer se expandir e abraçar o mundo pra esfregar a última liberdade do coração quente como um cristal de ferro que não se derrete apesar do calor apenas por causa da infinita pressão das cobertas e do manto e da crosta de terra que é uma casca ou concha da água salgada do mar que tenta penetrar por todas as fendas nas mais fundas das fossas onde peixes estranhos te olham curiosos.

§ 10 Responses to Entropia.

  • Lívia Ludovico says:

    O melhor de procurar o que é essa porra de entropia na Wikipédia é ver o gelo derretendo no copo! ahuhauhauha

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  • Fy says:

    Uau!

    You really comeback ! MaN … You’re Welcome !

    Completamente incrível. – intenso, invasivo – múltiplo !
    Genial. Caleidoscópico – atravessante, produzido em semiótica mista, híbrida , explorador e surfado em des-essência.

    É assim mesmo que o pensamento dança, cria , se apropria da multiplicidade , é muito mais que um estilo, uma forma de habitar um texto , é habitar um mundo que implica em leveza, intensidades, velocidades e repousos, vertigens, mapas, errâncias. E não parece haver bússola melhor para nos guiar nesse território nômade do que aquela que nos ajude a perder os gonzos ou os sininhos…. – the fucked sheep bells .

    Ah… isto foi pura criação ! – Congratulations – este texto parece sim, o mar :

    Bj
    Fy

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    • Anarcoplayba says:

      holycrap… baixando a discografia assim que chegar em casa.

      Agora, confesso que sempre que eu escrevo um texto assim eu me lembro disso:

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  • Fy says:

    Vou escrever tudo de novo pq eu coloquei o vídeo errado, Depois vc apaga o outro, tá bem ?

    Ah, nada que eu coloque vai ser melhor q isto tão lindo .

    É mesmo isso : palavras que dançam , desviam, correm , escorregam em areias movediças e geram que geram míriades em pensamentos novos.

    A escrita que se faz dança é a subversão da língua, é língua em movimento. Uma escrita poética e corpórea abandona os limites do verbo e se lança no fluxo vital.

    É poeta, filósofo ou escritor, quem se arrisca a explorar uma outra língua, estrangeira, desejante , e naufragar fora do discurso, fora da linguagem, comunicação descentrada, deslocada, nascida. Fazendo-se ele mesmo e se desfazendo num corpoema, um corpoescritura, letras e órgãos passando nos sopros inarticulados, sem domínios, zonas profundas , puras como o caos , q compreende em sí as diferenças e com elas : gera.

    Tambem tão lindo , uma obra de arte pra uma obra de arte :

    by Ryan J Woodward.
    This is a short about a Pianist made from instruments and the music he makes. It is called Istoirio .

    Bj
    Fy

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  • Karina says:

    enquanto o inverno não chega existe o calor.

    se o mundo respirava mais com ela apertando assim seu colo, a perspectiva do gelo é o que há de nos aquecer! como se não fosse um tempo em que já fosse impróprio se dançar assim.

    gostei. e amei a referência, claro.

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  • Fy says:

    Eu fiquei pensando , Lawyer, em alguma coisa familiar , tentando lembrar o q – qdo lí teu texto – que é poema tb.

    Claro q vem de encontro – pra mim , com o q eu escrevi – no outro post – pra vc e pra Karina [ do meu jeito de entender esta filosofia que me agrada e seus blábláblás – ] Mas não era isto.

    Aí lembrei,- conversando com o Gustavo – adoro qdo eu lembro ! – …nesta mesma levada poética , do Tao do Kapra – e do jeito cheio de poesia com que ele descreve o dinamismo entrópico deste frevo cósmico.

    “Tive, há cinco anos, uma experiência arrebatadora, que me conduziu à escrita deste livro. Estava sentado à beira-mar, num fim de tarde de Verão, vendo as ondas surgirem e sentindo o ritmo da minha respiração, quando repentinamente dei conta do desenvolvimento de todo o meu meio ambiente numa gigantesca dança cósmica. Sendo um físico, eu sabia que a areia, rochas, águas e ar que me rodeavam são feitas de moléculas e átomos vibrantes, e que estes consistem em partículas que interagem umas com as outras, criando e destruindo outras. Sabia também que a atmosfera da Terra é continuamente bombardeada por «raios cósmicos», partículas de alta energia que provocam múltiplas colisões à medida que penetram no ar.”

    Ah… mais e mais ainda qdo ele balança tudo invocando Shiva , o deus bailarino lá dos hindús.
    Até pq isto, tão lindo, só podia ‘nascer’ de um deus q soubesse dançar :

    – Na noite de Brahman, a Natureza acha-se inerte e não pode dançar até que Shiva o determine :

    Ele se ergue de seu êxtase e , dançando ,

    envia através da Matéria Inerte Ondas Vibratórias do Som que desperta e…. vede !

    A Matéria também dança, aparecendo como uma glória que o circunda.

    Dançando, Ele sustenta seus Fenômenos Multiformes .

    Na plenitude do Tempo , dançando ainda ,

    Ele destrói todas as formas e nomes pelo fogo e lhes concede novo repouso .

    A “dança de shiva” é o Universo que “dança” – é
    o fluxo incessante de Energia que permeia uma variedade infinita de padrões que transformam, se fundem uns nos outros e criam diferentes realidades .

    A dança de shiva é o Universo que dança.

    É o fluxo incessante de Energia que permeia uma variedade infinita de padrões que transformam, se fundem uns nos outros e criam diferentes realidades .

    Aí, te pergunto , como conseguiríamos resistir a isto ? O q poderia congelar estes estados intensivos desconhecidos , conhecidos, surpreendentes, e talz – provocados pelas novas composições que os fluxos , passeando para cá e para lá , vão fazendo e desfazendo – tb em nós ?

    bj
    Fy

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    • Anarcoplayba says:

      Shiva… ou Urano… ou o Caos… ou Iansã… O movimento absoluto, imcompreensível, arrebatador, sem agendas ou compromissos que não com o próprio movimento.

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  • Derp says:

    I like turtles

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  • […] Já a entropia… ah… a Entropia, minha velha amada. Falei sobre entropia aqui. […]

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