Desconfie da Beleza.

August 30, 2012 § 16 Comments

E da sua timeline no facebook também.

Já há algum tempo (e muito disso eu agradeço à experiência de escrever um blog e revisitá-lo de quando em quando) eu cheguei à conclusão de que poucas coisas são mais perigosas que mentiras bonitas.

Isso chegou a um nível de certeza inconcebível quando eu comecei a receber fotos de bebês fofinhos e cachorros engraçadinhos na taimelaine do feicebuque, normalmente seguidas de auto-justificativas de comportamento reativo.

Eu pensei em criar um site novo, o “Passive-Agressivebook.com”, só pra concentrar essas pessoas, mas achei que seria besteira tentar concorrer com o Zuckerberg.

Eu até procurei algum exemplo no feice, mas depois que eu fiquei uma semana em tolerência zero (apareceu bebê bonitinho, tomou block) ficou mais difícil.

Óbvio que os bebês bonitinhos não são um problema. Alguém que confia numa frase de facebook pra guiar a sua vida provavelmente tem o memory span de um peixinho dourado. Próxima vez que aparecer uma situação na qual aquela pérola de sabedoria se encaixa, essa pessoa não vai se lembrar nem do café da manhã, quanto mais de crianças dormindo em potes de flores.

O problema, no entanto, é quando se gasta mais tempo na elaboração dessas mentiras. Paint nunca vai ser tão perigoso quanto o microsoft word, e se tiramos carteira de motorista, deveria ter Licença de Acesso à Internet.

Pra mim inclusive.

O Scott Young, pra variar, colocou de forma bem clara isso.

Temos uma tendência a, em um primeiro momento, valorizar aquilo que nos faz nos sentirmos bem. Com base nesse primeiro instante de prazer, desenvolvemos justificativas para nossas razões.

Como eu costumava dizer: se você for fundo suficiente em qualquer discussão, por mais técnica que seja, você chega em um pressuposto emocional.

Raramente as pessoas condenam um crime porque ele ofende a Lei. Normalmente o que o ato ofende é um instinto de moral emocional e pressuposto.

Perceba que o fato de que as opiniões têm um fundamento moral e emocional pressuposto não ofende os meus fundamentos morais e emocionais pressupostos. É um fato, então é melhor saber lidar com eles.

A proposta do Scott Young é procurar o oposto daquele conselho. Parece uma boa. Eu gosto de procurar o ponto fraco no argumento. às vezes é a mesma coisa. Às vezes não.

De qualquer forma, acho que podemos ter certeza que não podemos confiar em conselhos de cachorros ou bebês. O primeiro come o próprio cocô. O segundo coloca tudo na boca.

E apesar do espaço amostral ser pródigo em exemplos: comer merda e sair provando coisas por aí funciona, mas te deixa com um puta mau-hálito e sapinho.

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