Anarco Responde.

February 15, 2011 § 67 Comments

Anônima diz:

Defina romantismo. E por que necessariamente romantismo está interligado com carência?

O Romantismo é uma forma de pensar/agir que valoriza a o indivíduo e a expressão do sentimento.

Eu acabei de criar essa definição com base na ferramenta “define” do Google e em mais umas pesquisas, tomando por base o movimento literário, que basicamente foca no indivíduo e nos sentimentos. É o amor platônico, o príncipe encantado, o “viveram felizes para sempre”, etc.

Agora que sabemos que o romantismo tem em mente a expressão do sentimento e do indivíduo (você e o próximo) podemos citar fatos e atos que denotam que uma pessoa é Romântica: jantares, sacrifícios, presentes, poemas, músicas, etc, etc, etc.

Basicamente, essas coisas vêm nos dois eixos acima mencionados: Sacrifícios porque você ama e a outra pessoa é especial, e a demonstração dos seus sentimentos.

Porque sacrifício pressupõe algo raro. Você não fica na chuva e  no frio para tomar uma casquinha do McDonalds. Mas você fica na chuva e no frio pra um show que não vai acontecer nunca mais. Então se você “se sacrifica” por alguém, é porque essa pessoa é “algo raro”, não?

(Voltaremos às aspas logo mais.)

Agora, uma vez que entendemos o fundamento do romantismo, podemos começar a tocar no porquê da carência.

A primeira parte está relacionada à expressão dos sentimentos: Por quê expressar seus sentimentos?

Essa pergunta é falha, porque estamos o tempo todo demonstrando nossos sentimentos. A pergunta é: por quê ter um esforço consciente em demonstrar o sentimento? Por quê falar com todas as palavras “eu te amo”, “você é especial” (ambas frases individualistas/egóicas), ou colocar esforço e intenção em uma demonstração de sentimento?

Porque o Romântico não quer meramente viver o sentimento: ele quer demonstrar, ele quer o reconhecimento de seu sentimento pelo outro e outros.

Ele não quer sentir: ele quer que as pessoas vejam que ele sente. Se ele se satisfizesse em sentir, não se importaria em demonstrar.

E isso é uma prova de carência, porque carência é falta, necessidade, e ele tem necessidade da atenção, do reconhecimento, do crédito aos seus sentimentos.

Se a pessoa não é carente, ela não se preocupa em criar demonstrações de sentimento: ela é o sentimento e não precisa mostrar.

Quer uma prova? Experimenta não reconhecer a demonstração de romantismo pra você ver o que acontece.

Agora, além desse tipo de carente, existe outro tipo de carente, pior: aquele que usa a demonstração de sentimentos para tentar aprisionar alguém. A pessoa que fala: você tem que ficar comigo porque eu te amo.

Já perceberam o quanto isso é triste, né? Quantos diálogos você já não ouviu que envolvem: “Você não pode fazer isso comigo porque eu te amo!”, “Não me abandone, eu PRECISO de você!”, “Por que você terminou? Ele/ela gosta tanto de você!”, “Ela te ama tanto e você fez isso, que ingratidão!” etc, etc, etc.

Percebam o que está por trás disso, nas entrelinhas: um contrato. Eu te amo, logo você fica comigo.

E isso é errado: você fica com alguém porque VOCÊ a ama, não porque ELA te ama.

E agora, chegamos ao último ponto de porque o romantismo é problemático: essa valorização do indivíduo pelo outro (e desejo dessa valorização) igualmente denota uma carência. Se você quer ser considerado especial, é porque você não se sabe especial. Se você considera uma única pessoa especial é porque você não consegue enxergar isso no resto do mundo.

Uma vez eu ouvi uma frase maravilhosa: todos os lugares são sagrados, nós é que escolhemos quando lembramos disso.

E se você começa a enxergar em cada pessoa um ser humano especial, pára de existir um príncipe em armadura brilhante, ou uma damsel in  distress: todo mundo é especial da mesma forma.

§ 67 Responses to Anarco Responde.

  • LK says:

    Que falácia! Vc parece inteligente, mas o grande problema de quem é inteligente é que são esses que sustentam com mais segurança pontos de vista equivocados, e até publicam eles como se realmente acreditassem que fosse a verdade definitiva. Vou tentar colocar o meu ponto de vista de forma mais simples pra não ficar muito blablabla:

    Existe o romântico carente e o não carente. Voce descreveu o primeiro e desprezou o segundo.
    O romântico carente é o bem resolvido. O que sabe alimentar o ego do parceiro (e nao a vaidade, veja bem). É o que sabe a importância da “magia”, de fazer as coisas mais especiais, mais “sagradas”, de se re-apaixonar pra renovar/aumentar a vida ‘útil’ de um relacionamento etc.

    Já carente é o mais comum, genérico, o que tem problemas de auto-estima e tenta o romantismo como mecanismo de compensação disso, é o que geralmente se faz de vitima, como você falou. Pra entender ele podemos ir mais fundo e dar uma lida no “triângulo da culpa” – http://idiossentropias.blogspot.com/2009/07/o-triangulo-da-culpa.html – entendendo mecanismos incosncientes dos quais ninguem tá totalmente livre.

    E espero ter sido construtivo.

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    • Anarcoplayba says:

      Olha só… usar o romantismo para aumentar a vida útil do relacionamento… está partindo do pressuposto que sem isso, vai acabar, que é necessário.

      Repito o que eu disse: todos os lugares são sagrados, a gente só lembra. Todos os momentos são mágicos. A gente só lembra.

      Criar essa atmosfera só serve se você quer que a pessoa reconheça isso, que ela veja que você é romântico. É uma preocupação com a forma. Um filme americano: conta a história, mostra a história e explica a história. E eu repito: por quê vc quer que ela veja isso e saiba disso?

      Você está partindo do pressuposto que deve modular seu comportamento para agradar a outra pessoa. E pode. Funciona. Dá certo. Mas eu acho errado. Eu acho que isso é manipular a pessoa. É guiar ela por onde você quer que ela ande.

      Pode fazer isso? Pode. Mas eu não gosto. Tá, eu gosto, mas acho errado. E como tudo que eu gosto mas acho errado, eu procuro fazer pouco.

      Nenhum problema com a sua opinião: eu sabia que eu ia receber bastante comentário crítico, mas não é uma crítica construtiva: é um discordar.

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      • LK says:

        Não quis discordar, eu concordo com voce, só acho que voce só podia ir mais alem.. Seu ponto de vista me parece muito básico.

        Eu falei que o romantismo, dependendo do qual, pode não ser manipulador, pode ser saudavel. Voce ignorou solenemente essa parte, que foi a mais importante, e continuou repetindo sua opinião formada. Ou sua opinião foi exposta aqui pra dar margem a trocaà uma discussão sadia sem ninguem querer ser dono da razão? Não parece. Sua resposta me parece teimosa. Eu nao me senti sendo ouvido ou compreendido. Nem sei porque estou respondendo, já que vc nao me deu a motivação de um dialogo, mais parece um monologo. Não conheco outros textos seus, vou dar uma olhada, mas esse texto está extremamente simplório, falacioso, duro, chato, prepotente.

        E quando falei que romantismo aumenta a vida de um relacionamento, não estou partindo de pressuposto nenhum. Só estou falando que ou se rega um relacionamento ou se deixa ele secar logo. Não tem nada de rebuscado aí, isso é um clichê que se ve em tudo que é lugar, mas que é um fato. que voce tambem está deixando de lado.

        Outra coisa que acho tambem: se meu comentario é construtivo ou não depende muito mais da recepção.

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      • Karina says:

        kkkkkkkkkkkk Relaxe, LK, essa é só a primeira impressão. Lá pela oitava vc passa a digerir melhor rrsrs
        desculpe, n resisti.

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      • Anarcoplayba says:

        Olha, poderíamos discutir isso a semana toda:

        1)”Eu falei que o romantismo, dependendo do qual, pode não ser manipulador, pode ser saudavel.” Eu não sei por quê a manipulação seria insalubre. Ser manipulação não é oposto a ser saudável, de forma alguma.

        2) Eu estou expondo o meu ponto de vista. Meramente isso. Não é um fórum, não é uma enquete, uma pergunta, nem nada. É o Meu ponto de vista. Eu escolhi expor porque fui perguntado no FS. E deixo os comentários abertos porque eu gosto do debate. Mas debate não é uma busca pela média. Soma tudo e divide por dois. Estou lendo o que você escreveu, mas isso não me obriga a mudar de idéia se eu não estiver convencido disso.

        3) Eu discordo que eu não dei margem ao diálogo: dei sim: postei, deixei aberto a comentários, e agora estou aqui respondendo aos seus comentários. Manifestando minha opinião, sim. Eu poderia ter fechado os comentários. Poderia ter te ignorado. Mas estou aqui, debatendo (pareceu diálogo de vendedor de metrô agora). E nem estou me focando no “achei seu texto prepotente e simplório”.

        4) “E quando falei que romantismo aumenta a vida de um relacionamento, não estou partindo de pressuposto nenhum. Só estou falando que ou se rega um relacionamento ou se deixa ele secar logo. Não tem nada de rebuscado aí, isso é um clichê que se ve em tudo que é lugar, mas que é um fato. que voce tambem está deixando de lado.”

        Esse seu “fato” é o seu pressuposto. Discordo do seu fato. Eu acredito em um mundo melhor no qual as pessoas não precisem de demonstrações de carinho para manter um relacionamento. Eu acredito em um mundo no qual a plantinha “amor” não precisa de alguém colocando água toda semana.

        Mas admito que você me deu uma ótima idéia: O amor é uma planta: se ele está na natureza, ele vive e floresce naturalmente. Se você coloca ele em um vaso só pra você, vai precisar mesmo regar toda semana.

        5) Novamente: Muito legal ter gente discordando (eu sabia que seria um texto polêmico), mas não espere que eu simplesmente concorde como forma de te agradar e te convencer a voltar aqui mais vezes.

        Espere sim, que eu mantenha (ou pelo menos me esforce em manter) o nível do debate.

        Abraços,
        Anarco.

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  • LK says:

    putz, foi um erro basico:

    O romantico NÃO CARENTE é o bem resolvido*

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  • Gueixa says:

    Todo romantico é carente sim (mas quem não é?) e, pra mim (to falando pra mim ok?), denota fraqueza….Não gosto!

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  • Nina says:

    “O Romantismo é uma forma de pensar/agir que valoriza a o indivíduo e a expressão do sentimento.”

    Eu posso valorizar o outro e expressar meu sentimento:

    a) para fazer negócios (se eu te amo vc me paga com x)
    b) para subir no palco, mostrar tudo que sinto e aguardar as palmas
    c) por querer simplesmente compartilhar algo que habita em mim (da mesma forma que a gente gosta de compartilhar quando nos acontece algo bom, ou algo ruim, enfim, bichinhos sociais que somos)
    d) por acreditar que demonstrar carinho pelo outro é algo positivo para o outro
    e) para socializar
    f) para mostrar ao outro que para mim ele tem valor.

    Se uma mãe seguir seu raciocínio ao pé da letra, ela nunca dirá um “eu te amo” para seu filho. Nem fará mimos. Muito menos vibrará com suas vitórias ou compartilhará conquistas próprias.Organizar uma festinha de aniversário? Nem pensar!
    Poor child. Um cliente em potencial.E daqueles bem complicados.

    Definir carência enquanto “falta/necessidade” é algo genérico demais. Eu sinto falta de comida, sou carente? Eu sinto falta de sexo, sou carente? Eu sinto falta de estudar, sou carente? Eu sinto necessidade de estar em grupo, sou carente? Eu sinto necessidade de ficar sozinha às vezes, sou carente?

    Cara, to fudida! haehae

    Talvez carência é quando você necessita que o outro se sacrifique por você. É quando você acredita que sem algo externo a vida não é possível.

    Porque uma coisa é você depender do outro.
    Outra coisa é você querer estar com o outro.

    Porque demonstrar afeto às pessoas especiais (e aqui eu me refiro a amigos, parentes, namorados, filhos, cachorro, gato, etc) pode tornar o ambiente mais colorido. Harmônico. Tipo: um almoço na pv X almoço do exército.

    E, honestamente, eu não gosto do clima militar. Então eu fico com os “carentes”.

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    • Anarcoplayba says:

      Okey, por partes:

      1) Me referi ao indivíduo, não a si mesmo. Você pode valorizar o indivíduo você mesma, o indivíduo o outro, o indivíduo seu pai, o indivíduo sua mãe. Isso é valorizar o indivíduo, e parte do pressuposto que aquela pessoa é especial, o que significa que as outras não te interessam comparativamente .

      2) O conceito de romantismo pressupõe que a manifestação dos sentimentos é um bem em si. Note: estamos falando de romantismo, de longas caminhadas na praia e jantares à luz de velas e bouquets de rosas. Isso é diferente de cuidar, de carinho.

      A mãe cuidará sim do filho, talvez fale “eu te amo” (e precisa falar?), fará uma festa de aniversário porque é importante pra criança, etc, etc, etc. Mas você está falando de mãe e filho (ou pais e filhos aqui). E relações parentais não são românticas, é outro tipo de amor que envolve, inclusive, um dever de “criar” os filhos.

      Eu estou falando de romantismo em “Relacionamentos Românticos”. E, pra ser mais exato, estou falando de pessoas que precisam de uma forma (muitas vezes pré-definida) de expressar o sentimento.

      3) Obviamente, há, sim, uma zona cinzenta, da pessoa que “meramente” manifesta os sentimentos, o que é algo que eu acho positivo.

      Por que não demonstrar carinho, sei lá, indo assistir uma comédia romântica que você não quer assistir? Ou convidando a pessoa para um programa que é importante pra você? Ou compartilhando um bom jantar? Aí a gente começa a tocar na parte da emoção, e não do romantismo. Porque o romantismo é a casca da emoção, é a forma, a “Mostração” do sentimento, não o sentimento.

      Entendo o que você diz, mas digo: mostrar é tão negativo quanto esconder.

      4) Sim, você pode falar que é carente de comida, carente de sexo, carente de companhia, carente de ficar sozinha, carente de condições, carente de vitamina D, carente de atividade física. Pode usar pra tudo.

      5) Novamente: Pessoas especiais? Seu filho por exemplo? Por que você não cuida do filho do outro? Por que você não cuida do pai do outro? Por que você não cuida do irmão do outro? Por que você não cuida do amigo do outro? Por que ao invés de colocar o guarda-chuva sobre a cabeça do seu filho você não coloca o guarda-chuva também na cabeça do filho dos outros e demonstra que é importante cuidar do outro?

      6) Em uma HQ do Neil Gaiman (“Morte, o Grande Momento da Vida”) chega um momento em que uma protagonista declara seu amor à Morte. A Morte responde “Eu também te amo.” e a protagonista responde, desanimada, “É… mas você ama todo mundo…”

      Fresh: “Don’t Aunt Frances think you ain’t nothing. She think you’re something.”
      Nichole: “Aunt Frances is a fuckin’ saint. Aunt Frances loves every damn dog on the street the same as she loves me. Ain’t no shit to be loved by no fuckin’ saint.”

      Isso é carência: é criar valor pela raridade. É o que a De Beers faz: Compra toda a produção das minas de diamantes e só libera 30%: Quando é raro, fica mais caro. Porque eu tenho e os outros não. Egoísmo.

      George Westinghouse tirou os fundos de Tesla porque Tesla tinha uma invenção que poderia transmitir energia sem fios para todo mundo. Westinghouse disse “Se todo mundo pode ter, como eu vou cobrar?” Egoísmo.

      O Indie que detesta que as bandas que ele ouve façam sucesso.

      O cara da minha faculdade que odiou que reformassem o Mercado Municipal para receber mais pessoas.

      É o Carro que é mais caro para que as pessoas mostrem que têm dinheiro para comprar algo caro e raro.

      Nós crescemos em uma economia baseada na escassez, e estamos acostumados a pensar que o raro que só você tem é que é especial. Talvez seja hora de “andar pra frente”. (Trocadilho péssimo em referência a “Zeitgeist: Moving Forward”).

      Sim, eu estou pegando exemplos diversos e estranhos, mas todos eles têm a mesma raiz: Raro. Especial. Único. Meu.

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  • Karina says:

    Todos são únicos, mas se todos fossem especiais a palavra perderia o sentido. Se vc é especial é pq é especial para alguém, e isso independe das suas tantas virtudes e defeitos. E vc é especial pra alguém quando é capaz de despertar um sentimento diferente (para n dizer especial) naquela pessoa. Tanta gente não me diz coisa alguma e no entanto representa tanto para outros…
    E isso nada tem a ver com sagrado, pq sagrada é mesmo cada vida, como cada lugar, o que não impede que cada vida e cada lugar tenham seus significados e valores diferentes para cada um.

    Refleti um bocado sobre romantismo depois de ler o texto. No final das contas, faço mais uma distinção: há o romântico e os gestos de romantismo. Nunca enxerguei no romântico nada muito além de uma necessidade de si para si: ele é romântico pq É assim, não pq fulano seja especial, pq precise que os outros saibam ou sinta necessidade de reconhecimento. Não necessariamente. Ele precisa é se manifestar, é diferente. É um atributo que implica uma forma diferente de ver e vida tb. Mas sou fortemene tentada a concordar que românticos sejam carentes. Já os gestos de romantismo, são outra história…

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    • Gueixa says:

      Eu faço aqui a distinção entre alguem que seja romantico como outra pessoa que seja carinhosa…
      Adoro gente carinhosa e como disse à Nina, sou meio chameguenta e se não fico “grudada” em alguem de quem gosto (amigos ok?), é por absoluta falta de liberdade além do medo de ser mal interpretada.
      Eu demontro afeto por quem sinto afeto. Faço questão disso.
      No campo amoroso é que a coisa pega. Aqui um gesto de carinho, que pode ser também de romantismo, corre o risco ser interpretado como fraqueza ou manipulação.
      De qualquer forma, há que se ter coragem para se demonstrar carinho por aqueles a quem queremos bem, mesmo correndo o risco de parecer piegass, fraco ou manipulador.

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    • Nina says:

      Aqui começam a surgir algumas distinções teóricas interessantes.

      Gestos de romantismo são a expressão comportamental do romântico. Não sei como diferenciar uma coisa da outra. É a mesma coisa que dizer que agressividade é uma coisa e gestos agressivos são outros. Um é a manifestação do outro.

      Por isso é importante focarmos na definição. Se romântico =valorizar um sentimento/uma pessoa, qualquer manifestação de carinho cai nessa definição. E a separação que a Teté faz também não se encaixaria.

      Pelo que entendi do texto, a lógica é: romântico = expressar sentimentos = necessita reconhecimento = carência = algo negativo.
      Ou então: romântico = aquele que expressa sentimentos = manipulador = egoísta = carente.

      E, honestamente falando, não sei porque atirar tantas pedras em quem quer algum reconhecimento do meio. Uma coisa é você fazer algo só pelo reconhecimento. Você acaba se tornando vazio, dependente e eternamente frustrado. Outra coisa é você fazer algo pois esse algo é a manifestação do seu Ser, e consequentemente você obtém algum reconhecimento.Isso é algo gostoso, ativa a área de prazer do nosso cérebro e nos permite viver em sociedade e acasalar.

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      • Karina says:

        Bom, vamos concordar que qd falamos em romantismo estamos falando de relacionamentos em que há atração que vai além do afeto.
        Gestos de carinho se enquadram em qualquer espécie de relacionamento e, embora possam se confundir com gestos de romantismo, estes ficam restritos ao relacionamento homem-mulher (homem-homem, mulher-mulher, que seja), e têm a ver necessariamente, para mim, com uma intenção de reafirmar aquele interesse amoroso. Um bilhete, uma surpresa, uma palavra doce dita no meio do dia.
        O que cansa é a frequência, que além de cansar tira o quê de especial.
        Por isso gestos de romantismo são bem-vindos quando bem dosados. E são ainda mais bem-vindos quando vêm de quem menos se espera.

        Tb achei que Anarco fez uma associações meio forçadas, colocando todos no mesmo saco. No entanto, com relação ao reconhecimento, concordo com ele na crítica. O problema não é ser reconhecido, claro, é justamente esperar o reconhecimento. Mas, voltando aos românticos, como eu disse, n acho que eles necessariamente esperem reconhecimento. Eles SÃO assim. O problema é a tal carência. Como tb enxergo românticos como pessoas carentes (de afeto), eles têm sede de que o outro sinta da mesma forma que eles, é uma coisa meio egocêntrica. Mas sei lá, é aquilo, tb n estou aqui para colocar todos no mesmo balaio.

        Para fechar, Nina, quando falo em pessoa agressiva vejo, sim, uma enorme distinção de uma pessoa que manifeste eventualmente gestos de agressividade. Não sou uma pessoa agressiva, mas vez ou outra extrapolo. Não sou uma pessoa romântica, mas vez ou outra me derreto.

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      • Anarcoplayba says:

        1) “Gestos de romantismo são a expressão comportamental do romântico. Não sei como diferenciar uma coisa da outra. É a mesma coisa que dizer que agressividade é uma coisa e gestos agressivos são outros. Um é a manifestação do outro.”

        Aí eu ainda discordo. Não dá pra dissociar gestos de interior? Gestos agressivos denotam agressividade? Discordo. Para quem vê dois tigres brincando, pensa que eles estão se matando.

        Por outro lado, se uma pessoa não agride, ela não é agressiva? E se ela estiver fingindo? Desejo reprimido deixa de existir? Como era mesmo que vc tinha comentado sobre ter a estrutura cognitiva mas não manifestar o comportamento?

        2) “Por isso é importante focarmos na definição. Se romântico =valorizar um sentimento/uma pessoa, qualquer manifestação de carinho cai nessa definição. E a separação que a Teté faz também não se encaixaria.”

        Agora tocamos em um ponto delicado: E se a pessoa é romântica COM TODO MUNDO? E se ela é carinhosa COM TODO MUNDO? E se ela é carinhosa com a pessoa que ela encontrou na balada da mesma forma que é com a primeira namorada? Ela deixa de ser romântica? Ela deixa de ser carinhosa? As manifestações perdem o valor?

        Pensar enlouquece. Pense nisso.

        3) “Outra coisa é você fazer algo pois esse algo é a manifestação do seu Ser, e consequentemente você obtém algum reconhecimento.Isso é algo gostoso, ativa a área de prazer do nosso cérebro e nos permite viver em sociedade e acasalar.”

        Se é a manifestação do Eu, você não se importa com reconhecimento. Nem para o bem, e nem para o mal.

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      • Karina says:

        “E se ela é carinhosa com a pessoa que ela encontrou na balada da mesma forma que é com a primeira namorada? Ela deixa de ser romântica? Ela deixa de ser carinhosa? As manifestações perdem o valor?”

        Não perdem o valor, mas o crédito fica prejudicado.
        Como lágrimas. Quem chora por tudo pode de fato sofrer por tudo. Mas n me peça para dar a mesma atenção a alguém que “sofre” pela unha que quebrou tanto quanto para alguém que sofre a perda de um amigo.
        Tempos atrás, vendo o álbum de fotos de uma amiga, ela colocava na legenda de uma foto: “com vc sou mais feliz”. Tempos depois, mudou o personagem da foto, a legenda ficou. Ela foi mais feliz com ambos? Foi, possivelmente, quem sou eu para dizer que não? Só parece que algumas pessoas são “felizes” muito fácil, e choram muito fácil, e amam muito fácil… Bom para elas. Mas muitas vezes o que deveria ser uma prova de intensidade a mim parece muito mais superficialidade.

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      • Anarcoplayba says:

        Que bom que não existe SERASA afetivo…

        Agora, isso me faz parar pra pensar nas crianças… Que choram porque o peixinho morreu, porque deram uma topada, porque perderam a figurinha do álbum…

        De fato, é algo socialmente ruim: ninguém quer ter que ficar tomando cuidado pra não machucar os outros, né?

        De certa forma, o processo de educação é o de criar algumas cascas protetoras. Até mesmo a etiqueta e os protocolos diplomáticos servem pra isso…

        É algo a se pensar mais…

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      • Karina says:

        Mas respeito muito o sofrimento das crianças, seja pela figurinha, pelo peixinho (pelo peixinho até velho pode chorar, que vou respeitar rsrs), pela topada, ou pq a mãe foi trabalhar e acham que nunca mais vão vê-la. O universo das crianças é aquilo, é limitado, elas não têm noção de quanto sofrimento maior há. Com o tempo, vc passa a ter compaixão pelo sofrimento dos outros e isso mesmo o faz dar o devido valor ao seu próprio sofrimento. Vc vê que diante de tanta coisa não é possível que perder uma figurinha seja o fim do mundo. Uma pessoa que seja incapaz de fazer essas comparações talvez seja tb bem egocêntrica. E às vezes n sofrer “por pouco” tb seja uma forma de respeitar a dor alheia. É como se calar pq vc perdeu seu computador na enchente, quando vê ao lado o sujeito que perdeu a casa.

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    • Anarcoplayba says:

      Então, Nê: Discordo fortemente disso: “Todos são únicos, mas se todos fossem especiais a palavra perderia o sentido. Se vc é especial é pq é especial para alguém, e isso independe das suas tantas virtudes e defeitos.”

      Todos são únicos, mas nem todos são especiais “senão a palavra perderia o sentido”…

      Esse é o problema: nós estamos acostumados a lidar com esse conceito, quando não necessariamente é real. Van Gogh passou a ser especial quando morreu? Porque em vida, ninguém valorizava.

      Sujeitar o caráter de “especial” ao apreço dos outros é depender. E depender é uma merda, porque quem depende não existe.

      Sim, eu sei que é algo questionável e que a grande parte das pessoas, ante essa afirmação, vai torcer o nariz, mas é isso mesmo: SEJA, independentemente de quem vê, e as coisas mudam de figura totalmente…

      Quanto à segunda parte… eu quetionaria apenas o quê leva o romântico a ser romântico. Se é algo espontâneo, beleza, é o jeito dele. Agora, se tem algo por trás… aí tem algo por trás.

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      • Karina says:

        Mas não há outra forma de ser especial senão através do olhar do outro. “ser especial” implica isso. Vc é especial para alguém. De resto, todos somos únicos.
        Eu posso me julgar especial ante meus próprios olhos, ótimo, mas e daí? não estamos falando de relações, de interações? não adianta me dizer para enxergar em cada ser vivo alguém especial, se não sinto isso. Se todos são igualmente especiais, o que o leva a namorar sua namorada, e não qualquer outra que lhe cruze na rua? Para vc, ela se tornou especial. Por que ela se tornou especial para vc e não para tantos outros com quem ela cruzou na rua, se ela é essencialmente especial?
        Percebe?

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      • Gueixa says:

        Karina…falei isso a uma amiga nesta madrugada….bingo!
        O que te leva a namorar alguém? Porque seu namorado namora você não “fulana”?

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      • Karina says:

        pois é, Teté. louco isso, né? quer mais loucura? quantas pessoas especiais há por aí, para nós, e que talvez não tenhamos oportunidade de conhecer nesta vida? e até quando a pessoa que está comigo será sumamente especial? até que eu n cruze com outra? e se a vida for curta demais para esse outro encontro, significa que aquela pessoa foi mesmo o supra sumo da especialidade ou eu simplesmente n tive tempo de viver outro amor?
        há muitas pessoas especiais por aí, que seriam especiais para nós, e não chegamos a conhecer. mas isso é só uma reflexão na esfera do “pensar enlouquece, pense nisso” rsrs

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  • Lívia Ludovico says:

    O que eu posso dizer sobre Romantismo…? Sou tão século XIX disfarçada em século XXI que mal consigo convencer( ah, nem quero). Não saberia viver sem minhas sentimentalidades…e se antes eu não enxergava as teias, hj me dedico a desatar os nós… E seu texto Anarco me fez lembrar algo que mamãe diz sempre: Só lobos caem em armadilhas para lobos. Uma verdade da sabedoria maternal…

    Nina, gostei tanto de tudo q vc disse…acho que vc devia caminhar mais pelas
    praias da educação sentimental…fluiu muito bem.

    Pra vc:

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  • Lívia Ludovico says:

    Ah, já ia esquecendo: Adorei o título! uahuhauhau

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  • Gueixa says:

    Vamos ver se eu consigo traduzir o que eu entendi.
    Quer dizer que os chamados românticos, no fundo são carentes e, por não se admitirem carentes, se dizem românticos.
    Buscam como seus pares aqueles que aceitam jogar esse jogo. Alguém que se deixe manipular, psicologicamente, e que também o manipule.
    Não sabem viver sem esse tipo de jogo. Gostam dele. Ótimo!
    Eu só os vejo como fracos, por não se admitirem carentes.
    E já já eu vou apanhar aqui….
    Em tempo, Petite…sentimentalidades são o meu fraco…..Ainda morrerei disso.

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    • Anarcoplayba says:

      Not exactly: românticos são dependentes. Precisam de alguém no abstrato ou no concreto. E, por precisarem, tentam comprar as pessoas com aquilo que têm: seus sentimentos provados por meios de atos e palavras.

      “Eu TE amo”, “EU preciso de VOCÊ”, “Você é especial pra mim”, “Eu te valorizo”, “fica comigo que eu vou te agradar”, “fica comigo que eu vou te respeitar porque eu te amo”, etc, etc, etc.

      E algumas pessoas aceitam isso por carência, por medo de ficarem sozinhas, por precisar de alguém… outras por comodismo “Se todo mundo quer alguém que lhe ama, eu seria injusta de dispensar ele”.

      Eu já havia tocado nisso em outro post, mas eu quero ficar com alguém porque EU amo essa pessoa, não porque ELA me ama.

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    • Lívia Ludovico says:

      Gueixa…é por isso q a gente se dá tão bem…;)

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  • Fy says:

    Oi todo mundo,

    Tb gostei do título, da Fernanda,das colocações da Karina, e do LK tb.

    Repito cada palavra da Nina, … lamento que a Gueixa se reprima , pq é de carinho, chamego , atenção e toque que o Mundo mais precisa. … acho até que é este , hj, o magnífico Holy Grail . O maior de todos os cálices .. Um “olhe pra mim e me abrace” – me deixa sentir que voce sente por mim. Seja alegria, dor , revolta, qualquer coisa … e qdo alguem te interpretar mal…: Fuck-off pro bobão e segue em frente … não é o sufuciente pra mudar o teu jeito lindo [ q hj é raro ] de sentir. Claro que não é .

    Eu acho que a Nina colocou um pouquinho de tudo, a couraça de Steiner , as consequências do abandono emocional, a espiral transpirante da carência , a paralisia dos sentidos , a auto defesa do controle, enfim… tudo aquilo que se tornou o contrário da linguagem do amor.

    Por outro lado, é impossível não dropar em Niezstche e conseguir surfar aqui, no romantismo do Anarco.
    Pode ser que eu me engane, mas foi o que me ocorreu.

    Claro que este conceito é muito mais complexo e se esbalda na genialidade do Niezstche , mas só pra tirar uma lasquinha, o que o bigode condena é o Romantismo doentio, exacerbado, que com seu jeito escorregado de sonho ou imaginação melada vai se impondo e tomando o lugar do real, ou do Presente – Jetztzeit – meio que encarcerando a participação efetiva, reprimindo a atitude do corpo, da pele, do gesto real .

    Uma coisa assim como prender o amor num ritual semântico, onde o discurso lânguido sufoque o gesto, paralise o toque , transfira a sensualidade pra o entorpecimento opioso de um alpha contínuo, sem sabor de vida a não ser uma intenção vazia , pretensiosa de preencher carências , muito embora, esquisamente forte e sentida … na enrolação do gozo eterno – Este “romantismo” tem muitos tentáculos , vai chegando que nem um polvo guloso, vai como que amarrando as emoções, os “estados” num contínuo sentir- palavras, encarcerando o amor em rosas plastificadas desenhadas em pequenos gestos virtuais…
    Parece papo de esquisito, mas é o que mais tem. E é viciante. E é paralisante.
    É transparente, sem cor e fraco. Niezstche, explica assim a tendência à busca cada vez maior de “emoções” interiorizadas, cada vez mais fortes, mais intensas, ou um qualquer coisa que substitua o envolvimento real com o amor ou com a vida. É o papo do idealizado que é vítima de um sempre abstrato construído com a intenção clara de não ser alcançado, prolongando assim a dependência e a justificativa da vítima.
    Resumindo, é o substituto do ir à luta.

    Mas no romantismo do amor de dois , eu acho que a coisa tem que ser temperada e a dois.

    É muito bom qdo agente encontra alguem que esteja muito à vontade consigo mesmo.
    Simplesmente.
    Seja com suas carências, com seus medos, com suas vontades, com seus momentos.

    Nada é mais assustador que a perfeição e nem mais babaca que o superman.

    Alguém que deixe o corpo falar , a alma sonhar, a pele pedir. Aquele que espera resposta,
    que se manda inteiro na pergunta … ah, … confia em si mesmo. E isto é bom.

    Claro que ninguem pode esquecer “o Babaca” .

    Mas o/a Babaca é babaca qdo é romântico, qdo não é, qdo é carente, qdo não é, e aí vai .

    O Romantismo saudável é lindo e pode ser exagerado, rasgado, sem eira nem beira, quanto mais melhor, mesmo dependendo do jeito de sentir de cada um.

    Pronto! Perdi meus 5%.
    Beijo ;)
    Fy

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    • Gueixa says:

      Ah, mas eu me reprimo muuuito pouco.
      Claro que se o outro não te deixa “chegar”, há que se respeitar né?
      Mas em regra sou a própria chameguenta mesmo. Abraço, digo que amo, fungo pra senttir cheiro e mais um monte de outras manifestações de carinho e afeto possíveis.
      Agora não tem muito a ver com o que eu entendo por romantismo.
      Aquela coisa clastrofóbica e suicida do romantico, que te amarra em um compromisso que é só dele.
      Eu diferencio bem isso e reafirmo: me incomoda e muito o “romantico” seja homem ou mulher.Sempre me parece algo forçado.
      Ouso traçar um paralelo com aquelas pessoas que colocam em suas paginas nas redes sociais
      o quanto amam o parceiro.O quanto o (ou a, ok) acham perfeito, maravilhoso e o cacete a quatro. Ou ainda: qdo postam o quanto seus pais são isso ou aquilo…Até onde pude constatar, em regar tudo o que essas pessoas fazem questão de tornar publico não é real…muito pelo contrario.
      Ação…Amor deve ser expresso em ações e não só em palavras…até pq expressar o que se sente em palavras é dificil pra caralho.

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    • Karina says:

      Fy, legal que tenha (re)aparecido por aqui. Seus comentários são uma viagem à parte, parecem música : )

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  • Nina says:

    OK…

    Depois de quase duas horas em uma longa discussão com o Anarco eu entendi o que ele quis dizer.

    A base de tudo está em: “Eu já havia tocado nisso em outro post, mas eu quero ficar com alguém porque EU amo essa pessoa, não porque ELA me ama.”

    Ou seja, você está com alguém porque você gosta dessa pessoa e ponto. Se ela gosta ou não de você, isso são outros quinhentos. Quase desnecessário.
    Se você faz gestos de carinho porque vc é carinhoso, ótimo. Agora, se o seu carinho é uma espécie de barganha (vou falar eu te amo para ouvir o mesmo… vou fazer uma massagem para receber outra em troca, etc etc) então vc está na verdade se amando. É egóico. Não interessa quem é o outro, desde que esse outro dê aquilo que vc precisa. Vc se torna dependente (como o Anarco também explicou em algum comment aí).

    O que me incomodou inicialmente foi a impressão de uma crítica a qualquer manifestação de carinho. Mas não é isso. A crítica é na (super)valorização do gesto carinhoso, o que seria o romantismo. O gesto romântico, sob esse ponto de vista, é uma moeda. Uma moeda da esfera afetiva. Se eu dou umas rosas, ela me perdoa. Se eu faço um jantar especial, ele me tratará bem. São negócios.
    Diferente de: vou fazer um jantar especial porque eu quero fazer um jantar especial. Ponto.
    Vou deixar um bilhetinho pq eu quero deixar esse bilhetinho. E ponto.

    Libertar-se da expectativa em relação ao outro é algo nobre. E como tudo que é nobre, é difícil pra kct, devido aos nossos vícios. Devido ao nosso hábito de depender de outra pessoa para definir quem somos.

    Eu posso me considerar uma pessoa especial. Para quem? Não, a pergunta não é essa. Eu me considero especial. Algumas pessoas acharão também, outras não, mas isso não importa. Eu Sou o que Sou, independentemente do que o outro acha.

    E é preciso coragem para existir.

    Isso é tão delicado….

    E tão libertador……

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    • Anarcoplayba says:

      Ta-Dam.

      Vinícius de Morais sempre explica melhor.

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    • Karina says:

      Então, Nina, complementando seu entendimento, com relação a “ser especial” o que entendi depois de destrinchar o assunto não sei se é exatamente o que o Anarco quis dizer, mas bateu com minha forma de enxergar isso.
      Todos são especiais pq são únicos. ok. todos deveriam se julgar especiais independentemente da admiração alheia. ok. todos são especiais para alguém (meu ponto).

      Continuo batendo na última tecla, do “ser especial para alguém”, ou seja, o “ser especial” enquanto numa relação de interação, embora já tenha entendido o ponto de vista de vcs com relação ao “sentir-se/julgar-se especial”, que tem tudo a ver com boas doses de autoestima/segurança.
      Mas por muita coisa que Anarco falou, o que bate com o que penso é a seguinte conclusão: se todos são especiais para alguém de alguma forma; se o que torna alguém especial são, sim, alguns fatores concretos, mas principlamente aquele imponderável que faz a pessoa mais viva dentro de mim; se na verdade “ser especial” não é um atributo, mas uma condição que depende do olhar do outro (ok, para mim eu sou, para vc vc é, para ele ele é, mas n estou falando isso), e sempre vai haver um outro que julgue fulanos, beltranos e sicranos especiais (nem que sejam seus pais)… então não há a “armadura brilhante”. Todos são especiais para si (ou deveriam ser), mas todos tb são potencialmente especiais para os outros. E, principalmente, “ser especial” não se manifesta com unanimidade, de modo que ninguém é, afinal, aquele supra-sumo da especialidade de que falei. Nós é que tendemos a enxergar nas pessoas que nos são queridas uma aura que não existe, uma vez que nós é que as vestimos com aquela armadura.
      Mas que tem a ver isso com os românticos, afinal??? rsrs como já falei, vejo nos românticos uma manifestação de uma necessidade de si para si. Qualquer pessoa com quem estejam , independentemente de julgarem-na especial, vai ser tratada da mesma forma. Ser romântico envolve todo um modus operandi que acaba se destacando muito mais do que o objeto “operado”.

      E sobre o romantismo, enfim, n vou falar mais nada pq vou acabar caindo em mais generalizações.

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      • Karina says:

        ops… a última frase foi antes de eu complementar em cima. falei pouco mas falei. e generalizei rs

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      • Anarcoplayba says:

        Parte da questão, Ká, é que se você se sente especial, mais e mais gente começa a concordar com você. É o efeito que os artistas causam nas multidões.

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      • Nina says:

        Ká, vc está certa quando diz que sempre seremos mais ou menos especiais para alguém. Mas isso não está sobre o nosso controle.

        Segundo Anarcoplayba (2011), o romântico quer se fazer especial para a pessoa amada dizendo que a pessoa amada é especial. Ele faz mil gestos românticos para mostrar como ele é especial. Kiridu. Fofu. Meigu. Assim, não tem como ela me largar, pq vou fazê-la se sentir especial.

        A proposta do autor é você ser quem você é, independentemente se o outro vai achar vc especial ou não. É você se libertar da sua expectativa/necessidade da reação/aprovação do outro.

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      • Karina says:

        entendi a proposta do autor, Nina. Com a qual não concordo no seu fundamento, tendo em vista eu n concordar que os gestos dos românticos sejam calculados com este objetivo que o autor defende: manter o outro sob “domínio”. Pode haver gente que usa de gestos românticos para isso? claaaaaaaaaaro que pode. e há. mas aí n são os essencialmente românticos a que me refiro. são os impostores rs

        Autor, nem vou discordar da primeira premissa, beleza. Mas vc acredita mesmo que o sucesso dos artistas advém do fato de eles se sentirem especiais?! tsc tsc tsc aí é que está: a armadura brilhante quem coloca neles são os outros. Nesse caso específico, é muuuuuito mais de fora para dentro que de dentro para fora. vejo assim.

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      • Anarcoplayba says:

        Antes de receber o influxo dos fãs, o artista se manifesta. Se ele não se manifestasse, ninguém o reconheceria como artista. Nem obra ele teria.

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      • Karina says:

        putz, e os tantos poetas sorumbáticos, os tantos cantores tímidos, os tantos atores… tá, atores costumam ser altivos, mas mesmo assim…
        Se a pura manifestação representar essa autoconfiança toda de setir-se especial, caramba… problemas de autoestima é o que menos há no mundo.

        parênteses curioso: nos últimos tempos, os artistas que vi mais autoconfiantes foram aquele grupo coloridinho, Restart. vai ver o sucesso deles venha daí mesmo. (simpatizo com os meninos, só para constar)

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      • Anarcoplayba says:

        Não necessariamente o cara se sente um comedor… ele pode se sentir um revolucionário, um perseguido, um maldito, um visionário…

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      • Karina says:

        aff… tá bom.

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  • Lívia Ludovico says:

    Anarco, devo admitir que vc anda bem maldito ultimamente…

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  • Anarcoplayba says:

    Dever de casa:

    Leia isso: http://icanread.tumblr.com/post/3352935877

    Compare com o post. Confronte e justifique.

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    • Lívia Ludovico says:

      Prof, essa porra vale ponto?

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      • Anarcoplayba says:

        Olha, pra mim quem escreveu essa porra perdeu pontos.

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      • Lívia Ludovico says:

        Bom, o título de nerd oficial do blog é da Karina, mas bora lá:

        A gente cansa de estudar em Darwin que evolução é uma lei natural, lenta, progressiva, irreversível, blábláblá…aí vem vc, Anarco maldito, e diz que não é nada disso, pelo contrário, que a parada é antinatural, no sangue, no peito e na marra se não vc é engolido, vc dança, vc morre. M u i t o f o d a…

        Já matei várias vezes…
        Já morri várias vezes…
        Já me deixei morrer várias vezes…

        Sou pisciana. Não há um dia que eu acorde sem me perguntar se vale mesmo à pena. Eu levanto. Não há um dia que eu acorde sem me lembrar da Lívia que não existe mais. Que morreu na noite anterior. Eu saio. Disfarço o luto. Eu luto.

        Sou pisciana. Ficar sem scrit é legal, criativo… e o insight do improviso é, putz, mais legal ainda. Mas a vida é mais complexa… eu sei. Nâo dá pra improvisar, não dá pra vacilar. Alerta e operante! Eu tenho que lembrar disso todo santo dia…

        Porque sentimentos não se improvisam!

        E sabe a ironia? É a primeira vez que eu faço( ou sinto estar fazendo, eita) o dever de casa! E tem um sol crestando lá fora…

        Nâo tenho mais tempo. O tempo (r)urge.

        Sou pisciana. E ficar perto de pessoas organizadas me faz um pouco mais organizada, embora não o suficiente…e nada é por acaso.

        Sou pisciana. Então finalmente eu entendi que a luta não é externa. Não é contra ninguém. É interna. E se não vencer a mim mesma terei fracassado. Já tenho as armas. Estou adquirindo habilidades com elas. Só tenho que lembrar de usá-las. Sim. Porque se eu escolher não usá-las todo o esforço, todo treino, todo suor, todo sangue, todas as lágrimas terão sido em vão…isso não!

        Ps. Ka, eu prometo que nunca mais nossos encontros serão intelectualóides. Daqui pra frente só encontros de fruição…e aquele jardim não me sai da cabeça…Mas ter conhecido a Joyce e o Menescal foi bárbaro e vc estava comigo!

        Ps2. Antes que eu me esqueça: Anarco, vai à merda, seu puto!

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    • Fy says:

      Oh Yeah, man,
      now I start seeing You.
      [ and our meeting point is explained]

      É claro que todos estão cansados da tirania que só existe porque existem cansados.

      Aliás ser cansado é profissão de malandro.

      Se ele dissesse : eu não admito e não aceito, eu teria gostado dele.

      Há um tempo atrás a Nina postou um vídeo incrível sobre não admitir e vencer o medo . O maior de todos, que é aquele que o cansado permite que se instale dentro de si mesmo.

      http://ninataboada.com/2010/06/25/celebrai/

      O cansado…. fica cansado . e pronto.

      E o cansaço é um peso … e a lamentação uma sequência que lhe permite avaliar a vida de acordo com sua aptidão a suportar pesos , a carregar fardos . – This is very – so mutch –very – old , -and the world doesn´t stand anymore – can’t you see the revolutions ?

      Esses fardos , esses pesos são precisamente : os valores superiores e é mais cômodo ser pequeno .
      Esse é o espírito de gravidade que reúne num mesmo deserto : ” o carregador “ e o ” carregado ” ,
      a vida reativa e depreciada , onde nada se cria… e tem-se a cansada certeza de que tudo já foi criado… de que somos meros e conformados súditos…. – é o savoir / non / faire – o pensamento negativo e depreciador .

      Então , tem-se apenas uma ilusão de crítica… [e mais crítica…] e um fantasma de criação .

      Pois nada é mais oposto ao criador do que . . . o carregador .

      Criar é aligeirar , é descarregar a vida , inventar novas possibilidades de vida .

      O criador é legislador de si mesmo … é dançarino .

      O cansado é o cansado.
      O que vive emprestando valores, só vai no vácuo e não ponteia, justificando sempre o cansaço e a incapacidade do esforço de criar os seus.

      Mas eu posso chamar isto de Romantismo positivo, ou não ?

      Bjs
      Fy

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  • Fy says:

    sorry,

    Há um tempo atrás a Nina postou um vídeo incrível….

    Não é só o vídeo que é incrível, o post é muito mais.

    Fy

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  • Lívia Ludovico says:

    Bom, o título de nerd oficial do blog é da Karina, mas bora lá:

    A gente cansa de estudar em Darwin que evolução é uma lei natural, lenta, progressiva, inversível, blábláblá…aí vem vc, Anarco maldito, e diz que não é nada disso, pelo contrário, que a parada é antinatural, no sangue, no peito e na marra se não vc é engolido, vc dança, vc morre. M u i t o f o d a…

    Já matei várias vezes…
    Já morri várias vezes…
    Já me deixei morrer várias vezes…

    Sou pisciana. Não há um dia que eu acorde sem me perguntar se vale mesmo à pena. Eu levanto. Não há um dia que eu acorde sem me lembrar da Lívia que não existe mais. Que morreu na noite anterior. Eu saio. Disfarço o luto. Eu luto.

    Sou pisciana. Ficar sem scrit é legal, criativo… e o insight do improviso é, putz, mais legal ainda. Mas a vida é mais complexa… eu sei. Nâo dá pra improvisar, não dá pra vacilar. Alerta e operante! Eu tenho que lembrar disso todo santo dia…

    Porque sentimentos não se improvisam!

    E sabe a ironia? É a primeira vez que eu faço( ou sinto estar fazendo, eita) o dever de casa! E tem um sol crestando lá fora…

    Nâo tenho mais tempo. O tempo (r)urge.

    Sou pisciana. E ficar perto de pessoas organizadas me faz um pouco mais organizada, embora não o suficiente…e nada é por acaso.

    Sou pisciana. Então finalmente eu entendi que a luta não é externa. Não é contra ninguém. É interna. E se não vencer a mim mesma terei fracassado. Já tenho as armas. Estou adquirindo habilidades com elas. Só tenho que lembrar de usá-las. Sim. Porque se eu escolher não usá-las todo o esforço, todo treino, todo suor, todo sangue, todas as lágrimas terão sido em vão…isso não!

    Ps. Ka, eu prometo que nunca mais nossos encontros serão intelectualóides. Daqui pra frente só encontros de fruição…e aquele jardim não me sai da cabeça…Mas ter conhecido a Joyce e o Menescal foi bárbaro e vc estava comigo!

    Ps2. Antes que eu me esqueça: Anarco, vai à merda, seu puto!

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    • Karina says:

      ahhh se eu soubesse que já tinha o posto aqui n me esforçava tanto para conquistar a carteirinha nerd de lá! hehe
      mas deixe eu te falar que “encontros de fruição” não me faz imaginar muita coisa diferente do intelectual(óide) não =pp
      tô brincando, foi ótimo. e vamos parar que roupa limpa se suja em casa.

      pra n dizer que n falei do dever de casa… isso me faz lembrar um movimento que teve por aí, intitulado CANSEI, que era encabeçado pelo pessoal da OAB, dentre outros. Na época houve críticas nesse sentido, de gente que dizia que “estar cansado” representava inação, não um movimento de atitude, mas comodismo. sempre achei preciosismo bobo. Mas td bem, pq a relação que vejo entre os posts não é essa… O carinha lá está cansado de tudo que ele próprio provocou, cansado de não ter correspondidas expectativas que ELE criou ao assumir atitudes esperando essa correspondência.
      À parte isso, gostei do “I’m tired of centered assholes, who only manipulate a situation from their own perspective, never even thinking about what someone else is going trough”.

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      • Anarcoplayba says:

        Obviamente a interpretação fala mais sobre o intérprete que sobre o texto, mas, pessoalmente, a parte que eu achei mais legal foi a sequência analisada em conjunto:

        a) I’m tired of caring about people who doesn’t give a shit about ME.
        b) I’m tired of giving out chances just to be let down.
        c) I’m tired of putting forth 100% of ann effort and only getting 25% IN RETURN.
        d) I’m tired of making someone a priority, qhen in reality I’M just a number to them.
        e) I’m tired of shitty friends who are never there for ME.
        Culminando com F) I’m tired of self centered assholes, who only manipulate a situation from their own perspective, never even thinking about what someone else is going trough.

        Não só estamos falando do tema do texto… mas também da velha piada: “Egoísta é todo mundo que não pensa em mim.”

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      • Karina says:

        yep!

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  • Lívia Ludovico says:

    Quer saber?

    Vc teria me surpreendido se tivesse escolhido um deles.

    Estou no jogo… meu amor! ;)

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  • Victor Hugo says:

    Helena

    Sou dessas mulheres,
    gosto de romance.
    Mas não venha fazer,
    Só para ter uma chance.
    Sei muito bem a diferença
    entre uma carcaça vazia
    de um coração cheio.
    Então não perca tempo
    vá direto para aquelas
    que nem se dignam ao sim.

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