Então… você quer saber a história dessas cicatrizes?

June 29, 2010 § 28 Comments

Porque esse é um texto em resposta… e por ser uma resposta, talvez eu concorde, talvez eu discorde, talvez eu concorde ou discorde em termos.

Anos atrás estava em Caçapava, andando e conversando com meu pai. Não me lembro de muitas conversas com ele, de fato, conversávamos pouco, mas um dia ele comentou de um amigo dele que estava no carro com o filho de 19 anos, o carro capotou e caiu ou bateu numa árvore ou arbusto, sei lá.

Ambos saíram ilesos, exceto pelo filho que teve UM ferimento: um galho da árvore perfurou o olho dele e entrou no encéfalo. Cinco centímetros de galho no lugar errado mataram o garoto.

O pai dele, que aparentemente era divorciado, entrou em um comportamento patológico que um ou uma psiquiatra ou psicólogo ou psicanalista disse que se chamava “Complexo de Eros”, que basicamente era o complexo de Thanatos ao contrário.

No complexo de Thanatos você fica fascinado pela morte, no de Eros, pelo sexo.

Basicamente, porque o cara entrou em uma depressão profunda ele saiu copulando por aí como uma tentativa de mitigar o sofrimento.

Boa parte do problema que eu hoje tenho com psiquiatras, psicanalistas e psicólogos (exceto você, Nina… ou especialmente você, Nina) é o fato de que eu estou declaradamente no meu Projeto Insanidade: uma espiral ascendente e gloriosa de insanidade flamejante.

A loucura é apenas uma razão que não nos convém… E se a sua razão não resolve seus problemas… mude sua razão.

Eu explicaria o porque dessa insanidade gloriosa. Mas boa parte dela está espalhada por este blog. Foram pequenos momentos de iluminação, ou clareamento espiritual se preferir e diz respeito, assim como toda essa discussão sobre anedonia depressiva, sonhos, metas, desejos e prazer,  a uma pergunta muito simples:

Qual o sentido da vida?

Sério: de onde viemos, quem somos, para onde vamos, onde estamos?

Fomos criados por Deus? Se sim, cadê ele? Por que ele não aparece e acaba de vez com essa dúvida. Se ele não aparece, ele não existe! Se existisse, já teríamos provas!

E, bom, se Deus não existe, ou se eu não posso descobrir, ou se não rola provar, a única certeza que temos é que existimos, correto? Afinal… pensamos, logo, existimos. E, bem, já que eu não sei o que eu vou fazer com a  minha vida, já que eu não sei o que eu DEVO fazer com ela, vou fazer o que eu gosto, o que é bom, o que me dá prazer.

É LÓGICO! É RACIONAL! FAZ SENTIDO!

E por favor, não estou falando para não fazer isso! É importante! Quer derrotar o desejo? Sacie-o.

Mas existe um porém… A gente acha que se passar no vestibular vai ser feliz… e por um tempo é, mas passa. Então acha que se comer muitas mulheres vai ser feliz e (torço por vocês) consegue comer várias mulheres, e fica feliz… mas passa. Então decide ter uma casa cara… um carro caro, uma vida cara, uma esposa cara, filhos caros… e pra quê?

E você vai ficando cada vez mais difícil de satisfazer e chega numa encruzilhada: bom, se eu tenho de tudo e não sou feliz… o que está errado?

ESSA é a hora em que a coisa começa a mudar de figura. Esse é o plot point, o momento da revelação, e a sua vida vai depender de como você reage a ele.

Uma resposta comum é: bom, se eu tenho tudo e não sou feliz, então terei mais, porque deve estar faltando alguma coisa!

Essas pessoas tentam resolver seus problemas com mais da solução que já tentaram.

Outras vezes as pessoas pensam: bom, eu tenho de tudo e não sou feliz… então… deve ter algo errado comigo! Vou tomar antidepressivos!

E existem as pessoas que decidem enlouquecer. Se a minha razão não me traz felicidade… deixa eu tentar uma outra razão.

E esse é o ponto do “Formatura” escrito tempo atrás. Lá, anos atrás, com a cabeça cheia de vodka vagabunda e lança-perfume eu percebi: Eles não têm motivo para estarem felizes… mas estão.

E se eu pudesse falar para vocês de uma forma clara e simples o suficiente eu juro que eu falaria, mas não dá! Não dá porque eu não atingi esse nível de transcendência!

Mas algumas pessoas atingiram e, talvez sem querer, passaram adiante a mensagem.

Anos atrás eu assisti Michael Clayton. Eu já escrevi aqui sobre esse filme, e eu adoraria encontrar em algum lugar na internet o diálogo, de forma que eu pudesse só copiar e colar, mas eu não sei, então eu vou tentar citar de cabeça, e não é muito difícil porque, bem, quando eu vi o filme, marcou.

Arthur está na prisão, conversando com Michael e quando Michael pergunta o que aconteceu Arthur responde:

“- Sabe, eu estava na minha sala, fechando um prazo, já era mais de dez da noite, quando o sócio do meu departamento entrou na minha sala com uma garrafa de champagne e duas taças na mão e me disse: ‘Arthur, vamos comemorar: DEBITAMOS TRINTA MIL HORAS NO CASO UNORTH!'”

“- Eu peguei a minha champagne e fui com ele praquele puteiro novo que abriu, e lá, escolhi duas ruivas e levei para o quarto. Elas eram recém chegadas da Lituânia, e elas eram ótimas, estavam se revezando em turnos chupando meu pau e eu decidi que queria que aquilo demorasse, então eu comecei a pensar em números…”

“- Trinta mil horas… 24 horas por dia… 148 horas por semana… 592 horas por mês… isso dá… 60 meses… cinco anos…”

“- E de repente eu não queria mais pensar em números, eu não queria pensar em mais nada, mas eu não conseguia… elas continuavam chupando meu pau, mas eu não conseguia parar de pensar! CINCO ANOS! CINCO ANOS! CINCO ANOS!”

“- Cinco anos, um décimo da minha vida, defendendo uma empresa que causa câncer em centenas de famílias no meio-oeste! E pra quê? Pra ter duas ruivas lituanesas chupando meu pau? É isso que eu vim fazer na face da terra? Essa é a minha missão? Esse é o meu Santo Graal????”

E nessa hora eu não consegui, mas eu TIVE que fazer uma conexão! Porque eu estava assistindo o filme com uma ruiva gostosa que passou a noite anterior inteira me chupando, e aquilo era ridículo, porque eu não precisava estar naquele cinema, vendo aquele filme com aquela mina!

O que eu estava fazendo com a minha vida? Qual era o meu objetivo? Eu estudei muito pra passar numa faculdade pública pra ganhar muito dinheiro, pra comprar uma casa cara, um carro caro, uma esposa cara, comer putas caras uma vez por mês? Pra quê?

Porque você nunca vai se sentir satisfeito de uma coisa que você não quer!

E ESSE é o ponto! A gente sente falta de ALGUMA coisa… MAS NÃO SABE O QUE É!

E mandam você comprar, porque se você comprar você vai ser feliz, e mandam você foder, porque se você foder você vai ser feliz, e mandam você viajar, porque se você viajar você é feliz e mandam você ir na igreja, porque se você for na igreja você vai ser feliz, e no fim, você vive uma vida fazendo o que os outros mandam, iludido de que é o que você quer, mas não é!

Porque se fosse, você seria feliz!

Mas não funciona!

E as pessoas não percebem que você vive as situações em círculos, cada vez maiores e mais dolorosos, até você ENTENDER o que tem pra ser entendido! Até você tirar a lição que tem pra tirar! E ISSO me irrita! Não se trata de anedonia! Não é uma incapacidade patológica de se satisfazer, não se trata da incapacidade de ser feliz, não se trata de felicidades passageiras criadas por si mesmo para uma ilusão de felicidade num processo de auto-engano.

Se trata da busca de uma felicidade errada! Não porque é “errado”, “sujo”, “pecado” ou o que quer que seja: É porque não satisfaz!

É porque felicidade de verdade é uma rosa que nasce no meio do sofrimento.

E isso não é uma frase bonita.

§ 28 Responses to Então… você quer saber a história dessas cicatrizes?

  • Nina says:

    “É porque felicidade de verdade é uma rosa que nasce no meio do sofrimento.

    E isso não é uma frase bonita”

    Tão bonita quanto o próprio sofrimento.

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  • Gueixa says:

    Sofrimento não é bonito mesmo….
    A frase é linda e perfeita.
    A busca é incessante.
    A insatisfação constante.
    O sofrimento é feio e diuturno.
    Talvez por isso aceitemos as sujestões alheias. Para não termo que encarar a feiura do sofrimento.
    Mas voce, meu Anarquista Favorito….Voce é Lindo! Assim mesmo, com letra maiúscula.
    Beijos

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  • Steinhaeger says:

    Excelente resposta!
    Fico lisongeado que meu texto (www.malandricus.blogspot.com) tenha provocado uma resposta dessas!
    E agora, a réplica vai ser em texto ou em balada?

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    • Anarcoplayba says:

      Não basta indicar o blog! Tem que indicar o texto tbm! Aproveitei pra corrigir minha preguiça criativa de fazer todos os links devidos e corrigi o texto.

      Quanto à Réplica, ambos. Filosofia que não serve pra nada não serve pra nada.

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  • Karina says:

    A sugestão que dou é “por quê?”. Manter esse eterno questionamento acerca das nossas motivações, nossas ambições, nossos sonhos. É uma forma de impedir essa ilusão de satisfação. Nossas metas não são todas construídas em cima de sonhos que os outros sonham por nós. Há desejos genuínos misturados nesse bolo. O lance é identificar que desejos são esses. E isso só é possível se pudermos identificar tb o outro lado: o que é veleidade, vaidade, capricho.

    Tenho cá para mim que isso só acontece depois de algumas experiências, pq a tendência é seguirmos o curso do rio. E é válido passar por essas experiências. Como saber o que quero se não souber o que não quero? Vc sabe que quer a felicidade pq sabe que não quer um simulacro de felicidade.
    Essa consciência de que “felicidade não é isso” vem com o tempo. Demora mais ou menos, mas acho que alguns levam a vida sem enxergar (ou sem querer enxergar).
    Não se irrite com isso, pq cada um tem seu tempo, como cada um tem sua vida.

    Talvez o que falei aqui tenha dado a impressão de que eu esteja relacionando diretamente as realizações concretas à felicidade, ignorando completamente que ela exista “dentro de nós”. Nisso sei que vou ser repetitiva, mas continuo afirmando que felicidade/bem-estar/satisfação não é algo apartado da vida. Não vivemos em um casulo para experimentar algo desse tipo. O que fazemos é alimentar nossa felicidade interior (adjetivo redundante) com os grandes e pequenos prazeres puros que nos fazem dia a dia sentir que viver vale a pena. Ou nada teria sentido.

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    • Anarcoplayba says:

      “A sugestão que dou é “por quê?”. Manter esse eterno questionamento acerca das nossas motivações, nossas ambições, nossos sonhos. É uma forma de impedir essa ilusão de satisfação. Nossas metas não são todas construídas em cima de sonhos que os outros sonham por nós. Há desejos genuínos misturados nesse bolo. O lance é identificar que desejos são esses. E isso só é possível se pudermos identificar tb o outro lado: o que é veleidade, vaidade, capricho.

      > Concordo que há desejos genuínos no meio. E a forma de identificá-los é exatamente esse eterno questionamento. O que está por trás do que está por trás? Partindo do pressuposto que tudo tem uma causa, qual a causa dos desejos genuínos? Quanta coisa a gente tem que deixar pra trás pro que importa ficar na frente?

      “Talvez o que falei aqui tenha dado a impressão de que eu esteja relacionando diretamente as realizações concretas à felicidade, ignorando completamente que ela exista “dentro de nós”. Nisso sei que vou ser repetitiva, mas continuo afirmando que felicidade/bem-estar/satisfação não é algo apartado da vida. Não vivemos em um casulo para experimentar algo desse tipo. O que fazemos é alimentar nossa felicidade interior (adjetivo redundante) com os grandes e pequenos prazeres puros que nos fazem dia a dia sentir que viver vale a pena. Ou nada teria sentido.”

      > Nisso entramos na discordância filosófica intrínseca à questão, que vc não vai mudar em mim e que eu não mudarei em você: pra mim, Felicidade não vai de fora pra dentro, vem de dentro pra fora.

      É incondicional.

      Não estou falando de satisafação, alegria, gozo… Dessa felicidade que é a única que conseguimos cogitar…

      Estou falando de Felicidade. Da Felicidade que a gente sequer consegue cogitar.

      Não estou falando de uma fogueira que precisa de lenha para emitir calor… estou falando de um sol que em si irradia calor quer existam planetas ao seu redor… quer não.

      Estou falando de uma rosa que nasce no meio do sofrimento, não dele, mas apesar dele, e que é linda e perfumada, não para ser reconhecida ou admirada, pois isso seria vaidade. Mas de uma rosa que é rosa porque essa é a natureza dela.

      Sim, eu sei… estou tentando chegar num lugar que eu não sei se existe, ouvindo histórias que eu nem sei se são verdadeiras… Pois é, esse é meu Eldorado.

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      • Steinhaeger says:

        Felicidade é que nem tesão. Primeiro de tudo você tem que estar pronto. Em segundo lugar, você precisa de um estímulo. Às vezes, o estímulo é tão grande que desperta algo em você. Em outras, você está com tanta vontade, que qualquer ventinho basta.
        Que nem quando se tem treze anos, saca?

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      • Anarcoplayba says:

        Ahhhhh… as metáforas malandricas… bem que hoje eu acordei comtemplativo como uma jabuticaba…

        Em um aspecto, talvez eu concorde: existe sujeito e estímulo…

        Mas será que, lá na frente, não existe um momento em que o sujeito alcance um estado tal que o estímulo simplesmente torne-se desnecessário?

        Um momento de felicidade absoluta e incondicional?

        Eu acredito que sim e, nesse aspecto, thanx, Stein, por ter me dado um argumento novo: Se existe gente que não consegue ficar feliz com NADA, com nenhum estímulo, por maior que seja, é possível o outro lado do espectro.

        Afinal, se existe a Tristeza Incondicional, existe a Felicidade Incondicional.

        Agora, mãos à obra.

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      • Karina says:

        É… qd li o texto dele n cheguei a essa analogia. Faz sentido num primeiro momento. Mas, putz, a depressão é um problema tão cheio de meandros.
        O que pensei de cara foi: anedonia é provocada por alguma alteração química que foge à “normalidade”. Logo, esse Eldorado não é algo alcançável naturalmente. Ok. Bem em seguida vi que isso n conclui nada, pq essa alteração química tb é provocada por algumas coisas. Logo, se há fatores capazes de provocar isso, não é algo inato, não é algo que.. “pá, pum! vc nasceu e vai ser sofrer depressão em algum momento da vida”.
        O problema é que, até onde sei, não se sabe exatamente o que desencadeia o processo de depressão. Por que há pessoas mais ou menos vulneráveis. Pelo que entendo, há aspectos genéticos e ambientais que concorrem pra isso (né, Nina?), ou seja, é um grande jogo de roleta onde se vc der o azar de a bolinha cair no 9 vermelho…

        Então, se a analogia for razoável, o sucesso da busca pelo Eldorado tb dependeria dessa circunstância doida, só que no viés “do bem”.

        Resumndo: a tristeza incondicional não acredito que seja alcançada só por meio da vontade (td bem que n dá para imaginar alguém se esforçando para ser absolutamente triste).
        Então, será que a felicidade incondicional é?

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      • Anarcoplayba says:

        Parte do meu post (minha resposta ao post do Stein) toca esse aspecto: A conclusão de que é um problema de saúde de natureza físico-química.

        Eu não concordo com isso.

        Beleza, daqui a alguns anos vão mapear o gene da depressão e chegar à conclusão de que aquele gene causa depressão.

        Beleza, mas por que alguém nasceu com aquele gene?

        Faço uma analogia tosca e imprecisa: Pessoas nascidas sob o signo de áries tendem a ser impulsivas. Mas por quê alguém nasceu naquele dia, não em outro?

        E mais: onde está o Livre-Arbítrio?

        Percebe? Você está raciocinando certinho. Faz sentido. É lógico.

        Mas essa razão não responde minhas dúvidas, então eu decidi mudar de razão. Outro caminho, outra verdade.

        Sabe quando a gente vai descobrir, objetivamente e de forma inconteste quem está certo ou quem está errado, Nêmesis amada?

        Quando minha rosa florescer. ;)

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      • Karina says:

        e eu juro que quero que sua rosa floresça. Pq sua razão é muito mais legal que a minha e eu quero acreditar nisso tanto qt vc.
        Se vc crê, siga, continue adiante. E que o Eldorado venha de preferência nesta vida, qd estou por perto. E que eu seja capaz de crer tb qd vc o alcançar.
        Acredito em vc, e por isso n gostaria de achar que essa busca é mais uma teimosia do que uma crença de fato.

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      • Anarcoplayba says:

        hehe…

        No meio de tanta coisa que me passa pela cabeça, eu ainda fico um pouco tristinho: queria que você vivesse, por opção, a razão que vc acha mais legal.

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    • Nina says:

      Nhé, minha vez de me meter na discussão (uhhh)!

      1) Felicidade: precisa estar pronta para ela? desde quando a gente tá pronto pra qq coisa que seja?

      2) Definam “estímulo”. Vocês estão trazendo uma explicação ambiental para uma resposta do organismo. Acreditem, já pensaram e elaboraram essa teoria. Estímulo aqui pode ser interpretado como uma alteração no ambiente, tanto “interno” quanto “externo”. Sendo assim, aqui caberia tanto a felicidade intrínsica quanto a felicidade extrínsica.

      3) Usando a metáfora do tesão: um estímulo visual ou mecânico podem me deixar com tesão, mas um pensamento, idem.

      4)Mas ainda acho que Felicidade e tesão são aspectos diferentes de um mesmo terreno, o terreno dos afetos/emoções. Tesão, enquanto resposta emocional, é mais intensa, rápida, e efêmera. Passa logo. Felicidade, enquanto um sentimento, é mais sutil, perene, tem seu “que” de intelectualização, e permanece durante o tempo. Dalgalarrondo, escritor de um dos livros mais bááásicos sobre Psicopatologia, define assim a diferença entre emoção e sentimento. Acho que cabe aqui.

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      • Anarcoplayba says:

        Ok, Nina, vc ainda é novata com as Metáforas Malandricas. Elas tem uma característica intrínseca: São Ruins.

        (Vale a menção honrosa a “Dirigir carro automático é como trepar sem as bolas.”)

        Quanto ao que vc disse:

        1) Não sei. Não tenho uma opinião mto formada que seja, mas acredito que não é absoluto no aspecto “n tá pronto pra nada” ou “tá pronto pra tudo”. Preciso meditar mais a respeito.

        2 e 3) Concordo. O Argumento do Stein, assim como o da Ká, é o de que é uma relação simbiótica meio e sujeito. Eu acredito que, no aspecto padrão da humanidade, a gente vive assim mesmo: sofrendo estímulos e respondendo. Pra falar a verdade, eu considero isso meio que um fato.

        Por outro lado, dado o fato, passamos a sonhar com o anti-fato: será que uma outra vida é possível? Eu sonho que sim, e por isso busco esse sonho.

        O Stein apresentou um argumento novo pra mim, que surgiu por simetria: Se existem pessoas que não respondem a estímulo algum e estão sempre insatisfeitas, DEVE existir pessoas que são o espectro oposto: não respondem a estímulo algum e devem estar sempre satisfeitas.

        Ainda nesse aspecto, entramos na discussão que tivemos no Formatura, que hj eu percebo que foi desnecessária: Estímulo interno é estímulo? Pra mim não, pra mim estímulo é objetivo (dissociado do sujeito).

        Por causa dessa nomenclatura a gente passou horas discutindo uma besteira quando chegamos à mesma conclusão: Felicidade é de dentro pra fora.

        Vc fala que felicidade tem causa interna, originada no sujeito.

        Eu falo que felicidade não tem causa, pq pra mim causa é objetivo, dissociado do sujeito.

        Me corrija se estiver errado, mas, pelo que entendi é a mesma coisa, só depende de uma conceituação da qual eu discordo: Pra mim, a análise da situação felicidade relativa é linear e tripla (sujeito-causa-felicidade) e na felicidade absoluta é coincidente: O Sujeito É a Felicidade, independente de causa.

        4) Cuidado pra não cair no erro das Metáforas Malandricas. Elas são ruins. Tenho certeza que o Stein sabe que Felicidade e Tesão são coisas distintas e com atributos diversos. Concordo com o que vc disse, mas acho que ele quis fazer meramente uma analogia.

        Como quando ele disse que aprender a dirigir é que nem andar a cavalo.

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  • Karina says:

    Ok. Mesmo.

    é capaz de dizer o que dá sentido à sua vida?

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    • Anarcoplayba says:

      Uma metafórica cenoura.

      Tipo aquelas presas na testa de cavalos, burrinhos e outros animais de tração menos graciosos.

      O objetivo final é simplesmente a perfeição. Me tornar o melhor que eu posso ser. Em todos os aspectos.

      E dá pra alcançar… Se não nessa vida, na próxima. ;)

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  • Petite Poupée says:

    E tem mais Anarco, depois que a rosa nasce no meio do sofrimento tem que ser regada, adubada e transplantada para outros lugares( um aprendizado relevante para o mundo e não só pra si como vc sempre fala)…putz cara! e pensar que ser ameba é tão simples… sacanagem!

    Felicidade Incondicional…gostei tanto disso!

    Sentimentos reais nascem mesmo da forja…complicado, muito complicado, mas qual seria o mérito né? bjo.

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    • Anarcoplayba says:

      Ahhhhhh… e isso não é lindo? Guardar a rosa para si seria egoísmo, a pura e simples negação da própria Rosa…

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      • Petite Poupée says:

        Sim! deixar a rosa nascer é fácil, duro é romper o asfalto…e ter a ferramenta certa… ainda que seja uma britadeira, estamos juntos? ;)

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      • Anarcoplayba says:

        Se me permite, Não serei o poeta de um mundo caduco.
        Também não cantarei o mundo futuro.
        Estou preso à vida e olho meus companheiros.
        Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
        Entre eles, considero a enorme realidade.
        O presente é tão grande, não nos afastemos.
        Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

        Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
        não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
        não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
        não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

        O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
        a vida presente.

        E

        Eu preparo uma canção
        em que minha mãe se reconheça,
        todas as mães se reconheçam,
        e que fale como dois olhos.

        Caminho por uma rua
        que passa em muitos países.
        Se não se vêem, eu vejo
        e saúdo velhos amigos.

        Eu distribuo um segredo
        como quem anda ou sorri.
        No jeito mais natural
        dois carinhos se procuram.

        Minha vida, nossas vidas
        formam um só diamante.
        Aprendi novas palavras
        e tornei outras mais belas.

        Eu preparo uma canção
        que faça acordar os homens
        e adormecer as crianças.

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  • Anarcoplayba says:

    É disso que eu estou falando (e eu amo quando alguém consegue exprimir melhor o que eu tenho vontade de dizer):

    http://www.deldebbio.com.br/index.php/2010/06/30/assim-florescerao-tuas-rosas/

    Assim Florescerão tuas Rosas
    deldebbio | 30 de junho de 2010
    Texto do Mestre Huiracocha

    Busca o Essencial.
    Sabes tu, o que é o Essencial, Irmão querido?
    Escuta: Todos os seres da Natureza, tudo quanto vês e não vês, todas as formas cristalizadas e mesmo aquelas que tua pobre retina não consegue espelhar, têm um ponto essencial, uma substância íntima, um espírito alado, inconsúteis pelos quais vivem e se desenvolvem.
    Tudo o mais é secundário, acessório, mas não inútil.
    A inutilidade não existe dentro da grande Obra do Universo.
    Esses acessórios são meios, veículos, portadores, se assim se pode dizer, do Essencial.
    O médio é mortal. Pertence à terra. O Essencial é eterno: pertence ao céu de nosso espírito.
    Busca, pois, em tudo o Essencial.
    Então, para buscá-lo, aprende estas sete regras e práticas. Tua Cruz far-se-á mais leve e tua Rosa emprestar-lhe-á seu sagrado perfume. Ouve:

    1º – Põe em todos os teus atos uma finalidade e um alvo em todas as tuas coisas. Que elas sejam o desejo de descobrir o Essencial. Põe nisso toda a tua atenção e toma por armas o útil, e nobre, o bem e o belo. Desdenha todos os obstáculos que se interponham entre ti e tua busca.
    Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

    2º – Sê alegre. Que a satisfação e a alegria brotem sempre de tua alma, até mesmo pelas menores impressões recebidas. Que as coisas mais insignificantes te encham de íntimo prazer. Tua essência é divina, pois Deus está em tudo que existe. É preciso, pois, perceber o Essencial mesmo no mais diminuto organismo.
    Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

    3º – Aprende a respeitar a opinião sincera dos outros. Se os sente em erro, faze-lhes ver com doçura, sensatez e respeito a tua opinião autorizada, sem os magoar. O Essencial, o Divino fala também pelos demais homens, e, em breve, evoluindo, chegar-se-á à Verdade.
    Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

    4º – Sai diariamente ao ar livre e admira a Natureza. Alegra-te e regozija-te com o Sol, o Céu, o Ambiente , as Flores, como humílimo verme que se arrasta pela terra. Observa que a Divindade existe em tudo e que a tudo dá o alento, o Essencial.
    Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

    5º – Sê fiel aos teus amigos e assim terás amizades fiéis por isso, que no meio deles tu estarás. Embora sejas uma Entidade separada e isolada, sente sempre que não és mais que uma extensão do Divino. Medita nesse fato, compreende-o, ajusta teu comportamento a essa idéia e busca nela o Essencial.
    Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

    6º – Relaciona-te com todos. Deves dar preferência, porém, àqueles que saibam mais que ti, para aproveitares a substância do que aprenderam. Assim, conhecê-los-ás e ama-los-ás. Tua observação te fará ver que são tal qual és. O Essencial, o Divino é o que sabem e é isso que deves buscar neles porque ainda não o tens.
    Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

    7º – Concentra-te todos os dias. Verifica se detiveste a tua atenção em coisas acessórias, secundárias. Faze sempre um exame de consciência e responde à tua própria indagação. Se não te foi possível estares atento ao Essencial, trata de corrigir-te e busca, diariamente, essa essência divina que palpita em tudo o que existe. Assim progredirás, serás feliz e…
    Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

    (Agradecimento ao Ir. Basílides, por ter digitado este texto).

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    • Petite Poupée says:

      Isso Anarco, passo a passo e de mãos dadas…nunca duvidei disso…e vc bem podia ser menos gatinho, droga!

      Rosas sobre a Cruz.

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    • Anonymous says:

      ” Concentra-te todos os dias. Verifica se detiveste a tua atenção em coisas acessórias, secundárias. Faze sempre um exame de consciência e responde à tua própria indagação. Se não te foi possível estares atento ao Essencial, trata de corrigir-te e busca, diariamente, essa essência divina que palpita em tudo o que existe. Assim progredirás, serás feliz e…”

      Anarco, e o que é ESSENCIAL? O que, pra mim, pode ser acessório pra vc pode ser essencial? O essencial é univeral para todos os homens?

      “Se trata da busca de uma felicidade errada! Não porque é “errado”, “sujo”, “pecado” ou o que quer que seja: É porque não satisfaz!” É difícil viver uma felicidade correta, sem antes passar pela felicidade errada, pois essa experiência é que nos permite distinguir o que nos faz feliz ou não. Saber a priori o que me faz feliz, o que me realiza é possível? Talvez para os mais iluminados.

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      • Anarcoplayba says:

        1) Acredito que o essencial seja relativo à sua essência e, nesse sentido, é individual e relativo ao nível de consciência humana.

        2) Eu concordo com você, mas discordo tbm. É importante sim passar pelas “felicidades erradas” porque aí você vai ver o que é a “felicidade certa”. Digamos que para saber o que é essencial é necessário saber o que não é. Porém, falar que “é difícil” é um condicionamento incômodo: não necessariamente é difícil.

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  • Kelen Trentin says:

    Não terminei de ler os comentários Anarco, mas em um deles tu respondeste que este texto não serve pra nada! O que é isso rapaz? Eu chorei ao lê-lo! Foi brilhante!
    Que bom que o li hoje que é um dia especial na minha vida!
    Obrigada por esse maravilhoso ensaio sobre a busca pela felicidade! Não qualquer felicidade “A FELICIDADE”!

    Na minha modesta opinião, a felicidade é o que você tem enquanto está tentando buscar a felicidade, é uma roda sem fim? Sim pode ser, mas são seus atos, a maneira como você constrói esse caminho o que realmente importa. A maneira como conduziu a vida pra alcançar alguns objetivos que algum dia na vida foram importantes!
    Mas quando os objetivos foram alcançados, como é bom perceber o quanto fomos felizes enquanto objetivamo-os. E perceber que na verdade o que realmente importa é o caminho, só o caminho! As pessoas, as lições, a dignidade com que alcançamos, o respeito próprio, os sorrisos, os abraços…
    É acho que hoje estou feliz! Por que alcancei um objetivo, não pela maneira como alcancei este objetivo!

    Beijocas!!!

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    • Kelen Trentin says:

      Faltou uma vírgula… mas meu forte não é o português…

      …Por que alcancei um objetivo? Não, pela maneira como o alcancei!

      Melhorou! Agora faz sentido :)

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